Os vários bares existentes se constituíam verdadeiros segmentos dos lares de muitos e muitos itapetininganos, naqueles distantes tempos. Sofisticados, simples, populares, agradáveis onde a conversa corria solta, eram raras vezes violentos. Clientela de diversificadas camadas, vindos não só da região central como de toda periferia e da zona rural. Mas, todos unidos com um só propósito: degustar avidamente saborosos quitutes, confeccionados pelos próprios proprietários dos estabelecimentos e também deleitar-se com a gelada cerveja ou refrescar-se com a guaraná ou a famosa gasosa de Eugênio Ventura, da rua Aristides Lobo.
Enumeravam-se os principais e mais procurados bares ou restaurantes das décadas de fins de 30 até início dos anos 70. O bar São Paulo, a Padaria São Francisco, o Primavera (hoje Bradesco), o Malatesta, depois Alemão, o Café Caipira e o do Paulo Japonês, o clássico Night and Day e Patacão. Esses permaneceram até 1970, e posteriormente acrescidos pelo Brasília, pastelaria Chinês no prédio Guidugli, a sorveteria do Paulo transformada posteriormente em bar Marabá.
Todos apresentavam movimento incomum, onde naquela praça, denominada Largo dos Amores, sobressaía-se impoluto o Bar Rodovia, considerado o mais antigo, reunindo políticos, advogados, médicos, professores e pessoas tidas como “da elite”. Havia, na época, a forte convicção que da Rodovia surgiam os candidatos a cargos eletivos tanto do município como estadual, e os possíveis nomes que disputariam a presidência do Clube Venâncio Ayres.
No entanto, como se fosse familiar, era o bar S. Paulo, reduto dos jogadores da Associação Atlética e a maioria de imigrantes portugueses. Lá se degustava com gosto os inigualáveis pastéis elaborados pelas mãos mágicas de dona Alice Venturelli, progenitora do radialista Carlos José de Oliveira, e servidos atenciosamente por Samuel Venturelli.
Charmoso e requintado era o restaurante “Archote”, com apresentações periódicas de astros de rádio e televisão brasileiras, onde se realizava o famoso “Almoço com as Estrelas”, dirigido pelo saudoso homem da comunicação nacional Ayrton Rodrigues. Com esta rede, ou quase praça de alimentação, solidificava-se a fama do Largo dos Amores, ponto referencial da cidade, onde visitantes se deslumbravam com o espetáculo do “footing”, e as músicas levadas ao ar pelo serviço de alto-falantes. Ponto de encontro de homens de negócios, e também pelas manifestações políticas, religiosas e populares, tanto estudantis quanto de trabalhadores de todas as áreas de atividades.
O auge, apesar da grande mobilidade urbana que decorria diariamente, recaia durante os dias de Carnaval, ocasião em que foliões, blocos e escolas de samba, ocuparam todo espaço do Largo como uma área verdadeiramente alegre de todo povo itapetiningano, onde se utilizava confete, serpentina e lança-perfume, numa autêntica batalha apoteótica da vida.
No carnaval, que encerrou-se nesta terça-feira, no “Largo dos Amores”, vazio, sem turbulência alguma, imaginava-se durante toda madrugada o eco longínquo das famosas marchinhas de antigamente: “Tem Nêgo Bebo Aí”, “Aurora”, “Confete”, “Quem sabe, sabe”, “Olha a Cabeleira do Zezé” e outras que inundavam toda área, e que fizeram o delírio alucinante dos antigos foliões.
Obras no Solar dos Rezende foram determinadas pela justiça
A remoção do telhado do histórico Solar Ananiza Rezende que chamou a atenção dos moradores de Itapetininga nos últimos dias, foi uma determinação da Justiça. A informação foi confirmada pela...