“Chico Buarque e a carrocinha”

O cantor e compositor Chico Buarque estreou em São Paulo, na última semana a sua nova turnê.
Com os ingressos esgotados até o final da temporada o show é unanimidade entre os críticos e todos os que tiveram oportunidade de assistir. “Que tal um Samba”, o título do espetáculo, ao lado da cantora Monica Salmazo tem encantado o Brasil desde setembro de 2022.
Eu, infelizmente, não poderei ir ao evento, mas ele me trouxe um desejo de ouvir as canções de Chico. Temos quase todos os seus álbuns em casa. E nessa viagem, uma música me chamou a atenção: “Maninha”. Acredito que seu forte apelo poético me reportou às infâncias que vivi, ou que vi passar em minha vida. … ” Se lembra da fogueira, se lembra dos balões, se lembra dos luares, dos sertões…”
Chico vai falar metaforicamente da ditadura militar, época da canção, que apagou tantos sonhos, “”…Os passos no porão, lembra da assombração?
E das almas com perfume de jasmim”
Mas nesse momento, me fez lembrar dos medos de minha e de todas as infâncias. Dos sacis, das bruxas e dos ” tipos diferentes” que tínhamos aqui em nossa pequena Itapetininga. Eram aqueles que viviam pelas ruas e que, de alguma maneira, nos assombravam, entravam em nossos sonhos, já contaminados pela repressão. Hoje sabemos que eram os sem tetos, sem esperança, os que perderam a consciência, que viviam à margem da sociedade e que não deveriam dar horror em nenhuma criança, mas tinha um medo de que nunca saiu de minha cabeça. Era da Carrocinha e do P Cavalo, o homem que à dirigia e capturava os cachorros que estavam na rua. Iriam virar sabão…. Quando a carrocinha se aproximava parecia, que, aliada ao horror, uma solidariedade coletiva acontecia. Os velhos, os jovens, as donas de casa, as crianças, gritavam: “Cuidado, a carrocinha vem vindo”. E todos tentavam recolher os bichinhos que estavam próximos.
E o Sr p Cavalo, com seu laço cruel aprisionava àqueles que ainda se encontravam nas ruas.
Eu tinha medo. Ouvia o choro dos animais dentro daquela carreta puxada por um cavalo e o Sr P e pensava, o que vai ser deles?
Mas como na música de Chico, o vilão “um dia vai embora, maninha, pra nunca mais voltar”, o destino foi cruel com o Sr P Cavalo.
Um certo dia indo levar os cachorros para o abrigo onde ficavam, próximo ao Carrito, onde hoje se realiza a Expoagro, uma cobra apareceu em frente ä Carrocinha e o cavalo brecou bruscamente, e o Sr P Cavalo foi arremessado para o chão, batendo a cabeça e vindo a falecer. A tranca da carroça se abriu e mais de uma dezena de animaizinhos correram pelas ruas da cidade.
Hoje sei também que seu P. Cavalo era um homem bom e trabalhador, mas invadiu meu mundo infantil tanto quanto os bandidos das fábulas e dos filmes que eu conhecia.

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