Se as penas fossem impostas segundo o número de vítimas, o corrupto teria, na prisão, seu domicílio mais duradouro.
O corrupto não é uma criação dos trópicos, nem produto de herança genética de um ou outro povo. Vamos encontrá-lo habitando as cavernas ou manuseando o mais tecnificado dos aparelhos.
É um tipo especial de criminoso, que não porta armas nem agride fisicamente suas vítimas. Pode ser poeta, artista, engenheiro, analfabeto funcional ou cientista.
Atua em todos os campos da atividade humana, de igrejas a laboratórios de física aplicada. Não existem clínicas de reabilitação e cura, e cientistas buscam saber se o mal decorre da atividade de determinada proteína ou enzima, acidente no berçário ou simples compulsão pelo patrimônio alheio.
Alguns povos conseguem debelar os corruptos, pela pena capital ou perpétuo aprisionamento. Vez ou outra um inocente acaba condenado, mas os adeptos da medida a justificam pela estatística de acertos e resultado prático que minimiza a corrupção.
A corrupção viceja com extrema facilidade em instituições públicas, de povos com rudimentar sistema de organização e ridícula noção popular de seus malefícios. Povos cujos territórios fazem divisa com a Argentina, Bolívia e oceano Atlântico encontram na corrupção a origem maior de suas perpétuas carências, notadamente nas áreas da saúde, segurança e educação.
Tais países possuem sofisticados ordenamentos jurídicos e sistemas de controle e apuração de delitos, mas raramente conseguem extrair dos corruptos os montantes apropriados, que permanecem à disposição dos criminosos, para serem utilizados após um período de não raro suntuosa prisão. Historiadores investigam a ocorrência de casos em que corruptos, condenados e presos, foram tidos como mártires e heróis de causas populares.
A sociedade parece não ter a noção da gravidade da corrupção e dos malefícios que causa. É ampla e quase generalizada a aceitação do argumento de que determinado administrador “rouba mas faz”.
Ainda aplaudimos corruptos notórios, de todos os espectros políticos e partidários. No Brasil, ser corrupto é ostentar o poder de decisão ou influência, socialmente aplaudido e reverenciado.
A corrupção tem efeito multiplicador de mandatos e perpetuador de poder, pois desequilibra as disputas eleitorais e angaria apoios parlamentares. O corrupto aparelha as instituições públicas com patrícios dóceis e incapazes de qualquer reação quando do assalto ou malversação.
Existe um cinismo histórico e coletivo, inspirador da idiota decisão de direcionar o voto segundo as propostas e intenções declaradas pelos candidatos, pouco importando os antecedentes pessoais e partidários. Corruptos possuem propostas milagrosas e intenções sempre humanitárias e desenvolvimentistas.
A pouca alternância no poder, e o criminoso instituto da reeleição, ilimitado quando de mandatos legislativos, tornados profissões, impulsiona e alimenta a corrupção. Corruptos instalados no poder sempre buscam sufocar dissidências, controlar a mídia e, objetivo maior, aparelhar o judiciário, com o que conseguem, partindo de uma democracia, chegar a uma ditadura, pela simpática via do voto popular.
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