Crime Perfeito

Foi na década de 1950. Eu tinha oito anos. O Presidente da República era Eurico Gaspar Dutra. Não me lembro do dia, do mês e do ano. Só me lembro do jornaleiro gritando: “Tarado mata menino na Vila Talarico”. Todos os vizinhos da minha rua saíram para comprar o jornal. A notícia chegava mais rápido pelo jornal. Não havia banca de jornal no bairro. Poucas pessoas possuíam o rádio. O jornaleiro ficou cercado por mulheres, alguns homens e muitas crianças. Os homens, na sua maioria, já tinham ido trabalhar e pegavam o trem do subúrbio na estação de Vila Matilde. Na parte fronteiriça do matutino aparecia a foto do menino. Tinha doze anos. Estava de pulôver azul claro e parecia da classe média. Estava sorrindo. Tinha rosto redondo e angelical. D. Maria, do Sr. Adolpho, disse: Que absurdo! Que ponto chegamos! Matar um menino bonito como este. Ela apontava com o dedo indicador em riste para o rosto do menino. Todos queriam comprar o jornal. Jandira, que era crente, dizia: O mundo está no maligno.
No matutino havia a descrição do crime. O jornalista afirmava que o menino morava na Vila Carrão. O seu corpo foi encontrado no caminho onde passam os postes de alta tensão da Light, logo depois da Estrada de Itaquera, perto da Estrada da Guaiauna. Nunca tinha visto tantos carros de polícia naquela região. Eram carros pretos, chamados Rádio Patrulha. Prenderam dois homens pretos, carregando galinhas na cidade Líder, mas logo foram soltos. Eram pretos e como pretos foram algemados.
Com o tempo, foi esquecendo do crime. Não se achou o tarado. Depois de dois anos, mais ou menos, passando pelo local, onde o menino fora morto, um policial de motocicleta viu um rapaz branco ajoelhado e chorando. Deu ordem de prisão e foi levado para uma delegacia. Lá, o rapaz branco confessou o crime. Disse para o delegado que enganara o menino, prometendo uma bicicleta que compraria na vila Talarico. No caminho, como havia uma plantação enorme de eucaliptos, arrancou uma forquilha. Depois, agarrando o adolescente com força, encostou num pé de eucalipto e, usando a forquilha, enforcou o garoto. As roupas do menino foram escondidas debaixo de folhas secas do local.
Não deixou sinais digitais. A polícia só descobriu, uma vez que o criminoso voltou ao local do crime e ficou rezando de joelhos. Fugiu durante um certo tempo, mas a sua consciência o acompanhava dia e noite. Não tinha paz e tranquilidade.
O profeta Isaías diz: “Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo. Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz”. (Isaías 57: 20 e 21) A Bíblia, no livro de Provérbios, diz: “O criminoso foge sem que ninguém o persiga”.
Não há crime perfeito, uma vez que mais cedo ou mais tarde tudo será descoberto. A mentira dura pouco tempo. Sempre alguém viu o crime e denunciará o autor. Nada fica encoberto diante dos olhos de Deus, Juiz Supremo.

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