DESESPERANÇA

Crescemos, todos, embalados pela cantilena de que éramos o país do futuro.
Com gigantesco território, climas os mais diversos, natureza exuberante, população de todas as etnias, poucos vulcões e terremotos, tínhamos todas as credenciais para figurar com destaque dentre os povos felizes e prósperos.
Apesar dos tropeços, formamos uma elite de pesquisadores, cientistas e empreendedores capazes de resolver crises e apontar rumos. Nossos artistas encantam e criam, sem amarras e limitações.
Atravessamos períodos econômicos turbulentos, com inflação que fazia com que os preços da manhã fossem menores que os preços da tarde, até que a imaginação criadora e competência corrigissse-nos o rumo. A inflação penalizava os salários e agravava as distorções sociais.
Desde Cabral, seguimos castrados pelas estruturas de poder, políticas e econômicas. Outros povos viveram dias conturbados, de convulsão social, que acabaram, a duras penas, criando instituições e sentimentos duradouros e construtivos.
Por aqui, cultivamos a ilusão de que éramos um povo ordeiro e pacato, e enfrentamos as crises embalados por discursos maravilhosos e promessas não cumpridas. A pobreza e a miséria habitavam guetos pouco visíveis, subalternas e reprimidas.
Criamos e aplaudimos estruturas palacianas de poder, e a história cuidou de lançar ao anonimato os heróis do dia a dia, sem palanques, gastos e nomeações. Lotamos os órgãos públicos de amigos e compadres incompetentes, obrigados tão somente a manter a comodidade e reinado do mandatário nomeador.
Estimulamos a convicção de que a política é tema para os políticos, e qualquer envolvimento, pelo cidadão comum, atrapalha seu comércio e relacionamento social. Descobrimos, tarde, que o exercício do poder, em ambiente de castelo e sem peias, revela desonestos e imorais os que, enquanto candidatos, entoavam hinos e promessas maravilhosas.
Somos vítimas dos algozes que escolhemos, do vereador ao senador, do prefeito ao presidente, integrantes de siglas sem conteúdo, meros passaportes a cargos públicos. Apesar dos avanços, sucateamos escolas, vivemos inseguros e a saúde anda distante.
Das ilusões que cultivamos ao longo da história, resta ainda o mito de que Deus é brasileiro, e a esperança de que um dia desçerá, para punir corruptos e aproveitadores da coisa pública. Somos escravos da ditadura dos palácios, dos personalismos idiotas e do compadrio do poder.
Talvez, num futuro distante, voltemos a ser o país do futuro.

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