Despedida
Domingo último, treze, o cantor e compositor Milton Nascimento despediu-se dos palcos brasileiros (e internacionais) num recital que envolveu milhares de espectadores em Belo Horizonte, Minas Gerais (onde mais poderia ser?). A televisão mostrou cenas do “show”, sendo que a Globo Play parece que gravou a apresentação toda. Um jovem próximo ficou espantando com o grande número de pessoas presentes. Ele não conhecia Milton Nascimento (que pena!). Milton, adoentado, não enfrentara mais grandes multidões, mas, por certo, continuará encantando em pequenos auditórios das televisões, gravando em plataformas, enfim, mostrando ainda sua poderosa voz aos admiradores.
Milton apareceu no cenário artístico nacional em 1967 no Festival de Música Nacional e Internacional da TV Globo, realizado em outubro, no Maracanãzinho, Rio de Janeiro. Quando foi anunciado aquele cantor meio desconhecido, fora do circuito mineiro, poucos aplausos. Mas então Milton Nascimento inicia seu trinado entoando “Travessia” (quando você foi embora, fez-se noite em meu viver…) canção que lançou o conjunto mineiro “Clube da Esquina” no Brasil. Aquela voz, ora grave, ora aguda, que atravessou todo o estádio comovendo plateia e júri, era uma novidade na arte do país. Uma vez avassaladora, só não ganhou o primeiro lugar talvez por ser ainda desconhecido e porque a primeira colocação ficou para uma música sofrível “Apareceu a margarida” cantada por um conjunto conhecido dos cariocas e que tinha um refrão que todo mundo cantou, “apareceu a margarida, olé, olé, olá…”.
Mas o que ficou através dos tempos foi “Travessia” de Milton, seguida por “Carolina” (com seus olhos tristes…) composta e cantada por Chico Buarque de Holanda. Interessante frisar que o festival que recebeu Milton foi posterior (no mesmo ano da Record, 1967). Tanto Milton como o Clube da Esquina construíram obras primas da música popular brasileira, como: “Nada será como antes”, “Paula e Bebeto”, “Canção da América” (amigo é coisa para se guardar dentro do peito…), “Maria, Maria”, entre tantas outras. Muitas delas surgidas na voz de Elis Regina, que denominou a voz de Milton como a “voz de Deus”. Se o Festival da TV Record de São Paulo, em 1967 revelou Caetano Veloso (“Alegria, alegria”) e Gilberto Gil (“Domingo no Parque”), neste mesmo ano o Festival da Globo mostrou Milton Nascimento para todo o sempre.
Estão podendo…
Causou um certo espanto a quantidade de torcedores equatorianos na abertura da Copa do Mundo de Futebol 2022, no último domingo, vinte, em Doha, no Catar, Oriente Médio. A torcida do Equador, quase toda vestida de amarelinha (a cor nacional) ocupava boa parte do estádio onde se realizou a peleja vencida pelo país sul americano contra os donos da casa. País considerado ainda em vias de desenvolvimento (como em todos, como grande extensão de miséria) os torcedores de lá fizeram um enorme barulho, mais que a torcida do Catar (que ainda está aprendendo a torcer). Empurrou a seleção o tempo todo como se fosse um decimo segundo jogador no campo. E cantaram seu hino nacional com uma vibração enorme.