Nome de uma via pública, das mais movimentadas e uma unidade de saúde, de importância ímpar no sistema de saúde da cidade – situada na Rua Dom Joaquim-, levam a denominação de Genefredo Monteiro, homenagem do município, através de projeto de lei do ex-vereador Dr Bastos, aquele cuja história combina bem com sua irrepreensível conduta de vida.
Este piauiense, nascido em Pedro Salgado, desembarcou em Itapetininga em fins da década de 1940, para servir no antigo 5º Batalhão de caçadores, quartel do exército brasileiro, localizado onde hoje funciona a sede regional do DER.
Entrou na carreira militar, ingressando como soldado, depois cabo e, aprovado em concurso para 3º Sargento, servindo então na Revolução de 1924. Pelos bons serviços prestados à causa foi elevado ao posto de 1º Sargento.
A vida na caserna, as transferências, a Revolução de 1924, depois a de 1930, o impediram de continuar seus estudos. Sofreu demasiadamente, pois como militar sempre foi fiel no cumprimento sagrado dos juramentos do “soldado”, patriotismo e idealismo.
A respeito desta fase, que ele sempre se recordava, com emoção, publicou no livro “Dissabores de uma vida”, registrou fatos e etapas da carreira que abraçou e desempenhou com eficiência.
No Rio de Janeiro, para onde foi transferido, após uma jornada longa de trabalho e lutas, cursou com brilhantismo a Medicina, apesar das dificuldades que a caserna lhe impunha, entre as quais a de repetir um dos anos letivos do curso, por imposição de um de seus superiores que apregoava ser “a medicina destinada aos ricos”. Advertia-o constantemente “-caso faltasse algum dia das instruções militares, seria automaticamente desligado da corporação”. E ele ficou….por questão de sobrevivência.
Como médico, formado pela Faculdade Fluminense, em 1943, concretizou seu grande sonho, aventurando-se por todos os cantos do Brasil para onde foi designado como
oficial médico.
Em toda sua existência, teve uma posição política ideologicamente socialista, sofrendo perseguições injustas, mas jamais abandonando seus ideais congregando prosélitos em sua crença. Um intelectual na verdadeira acepção da palavra, devorava livros, lendo tudo “desde histórias da humanidade até os mais variados filósofos e sempre procurando mais conhecimentos”, como acentua o odontólogo Roberto Lima de Lara, um dos seus particulares amigos e admiradores.
Teve como sua companheira a extraordinária Yara Monteiro, precocemente falecida, que compartilhou em todas as ações desenvolvidas pelo esposo, além dos três filhos, Antônio, Genefredo Filho e Sandner (falecido recentemente).
Quando em ocasiões especiais, e isto ocorria constantemente, demonstrava seus dotes de grande orador, além de refinado declamador de poemas de notáveis autores, com alto sentimento de paixão e fineza. Tanto que, em 1965 criou em Itapetininga o “Centro Cultural e Científico” reunindo interessados e estudantes das escolas locais, onde se debatiam os temas sobre assuntos dos mais relevantes.
Como homem e médico destituído de quaisquer vaidades e nenhum apego a coisas materiais, dedicou sua vida e seu trabalho a luta pelos mais humildes e a crença de que seria possível um mundo mais justo. Faleceu há quarenta e oito anos, deixando um vazio na Cultura e na Medicina, um homem dedicado às pessoas menos privilegiadas, um verdadeiro médico da Saúde Pública.