A humanidade enfrenta problemas grandiosos, como a questão ambiental, os contextos políticos e, principalmente, as drogas.
O álcool, o fumo e a maconha atrapalham a discussão a respeito do tema. A figura do alcoólatra social, bêbado rico, que ingere porções moderadas do produto, em ocasiões especiais, torna-o um hábito quase inofensivo.
Os vinhos possuem até prescrição médica, pelos comprovados benefícios à saúde, quando de ingestão moderada e sapiente. Contudo, o álcool destrói famílias e mata, nos acidentes de trânsito e relacionamentos humanos.
Dizem os especialistas que é o álcool, e não a maconha, a verdadeira porta de entrada ao mundo das drogas. Segue impune a propaganda de bebidas, sempre aliada a momentos felizes. A famosa lei seca conseguiu incrementar seu consumo, a pretexto de proibí-lo.
O fumo parece, das drogas, a mais inofensiva, pois explode o usuário, enquanto as demais explodem a família e todo o quarteirão. Drogas constituem um problema social e econômico, gerando ônus gigantescos à previdência pública e paz social.
A maconha é objeto de intensas discussões, e, enquanto alguns atestam seu dano à mente humana, outros garantem que pode ser consumida com poucos prejuízos à saúde. A planta possui, comprovadamente, constituintes que podem figurar como ingredientes de medicamentos. A discriminação e o preconceito dos governos têm impedido a maior abrangência de tais medicamentos, como se a maconha só servisse para ser fumada.
O combate às drogas, principalmente cocaína e crack, tem sido infrutífero em todo o mundo. A produção, distribuição e consumo envolve cifras bilionárias, com poder para corromper agentes públicos, eleger representantes e induzir o vício, até nos selvagens pancadões e festas em praças e avenidas, florescentes na permissividade de nossos hábitos e quase inexistente repressão.
Experiências de legalização e contrôle oficial das drogas surgem, aqui e ali, mundo afora, e os resultados não devem ser aceitos de maneira incondicional, por outros povos, pois dependem das características próprias de cada sociedade. Por aqui, são aguardados os resultados de tais medidas, no Uruguai. A medida, em verdade uma capitulação, vale como reconhecimento da ineficácia dos governos e sociedades, no combate às drogas.
No Brasil, as drogas persistem pouco incomodadas, ensejando crimes, lotando prisões, infelicitando milhões de pessoas e consumindo recursos públicos agigantados. As mundialmente famosas cracolândias constituem o retrato mais fiel e bárbaro do submundo humano.
A verdade é que não é fácil impedir o relacionamento entre os que ofertam e os que consomem. A legislação que dicriminalizou, não legalizou, o consumo, foi um avanço, embora crie a figura do microtraficante, que porta porções assemelhadas ao consumo próprio.
A educação, infelizmente, colabora mas não resolve o problema, e, enquanto educamos cinco, dois outros são desencaminhados. Se, amanhã, alguém descobrir que bosta de galinha gera sensações, as granjas contarão com aparatos de segurança e contrôle, mas a bosta será encontrada em cada esquina do país.
O espaço é pequeno para o tema, mas uma coisa é certa: não podemos continuar na atual situação.