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Eram mulheres do Casi, não de Atenas

Ainda que se diga que não há coisas semelhantes, um ditado muito vago, personagens que foram focados há anos distantes, se identificaram perfeitamente com as mulheres “havidas e tidas de Atenas”. Na elucidativa, bem composta e bela música do genial Chico Buarque de Holanda, ele diz: “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas. Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas”, e assim segue a melodia em exaltação a mulher ateniense.
Quase se igualando a elas, senhoras, senhorinhas e jovens apelidadas de “mulheres do Casi”, formavam a enorme e contagiante torcida do aguerrido e saudoso Clube Atlético Sorocabana, brilhante e respeitado no cenário esportivo e orgulho de toda Itapetininga. Disputou, por diversos anos, campeonatos oficiais e amistosos, tornando-se conhecido em todo território paulista. Desta fase sobrevivem muitos remanescentes, dignos de toda admiração.
Com a vibrante torcida integrada por mulheres nas décadas de 1940 até início de 1970 – atuando primeiramente no antigo campo do Salem e posteriormente no atual Estádio da Rua Padre Albuquerque – o time em ação se desdobrava e disputava as partidas com intenso ardor e desejo de vitórias. Eram aproximadamente 800 as torcedoras, na maioria familiares de ferroviários e simpatizantes do valoroso Casi.
No espetáculo emocionante pelo fervor incontido de paixão e amor que a torcida dedicava ao esquadrão, sobressaia-se a participação do velho ferroviário, de gratas memórias, o querido “Nhô Romão”, figura estimada pela comunidade itapetiningana.
Sentado no primeiro lance da arquibancada, acompanhado pela torcida feminina, comandava toda movimentação daquela onda humana entusiasmada, com um megafone incentivando os jogadores locais “à vitória ou à morte”.
As falhas ou violência dos adversários eram motivos de interminaveis assobios e vaias e, por vezes, palavrões. E os erros cometidos pelos juizes eram execrados.
Dentre as torcedoras casianas vislumbrava pelo porte altaneira e comportamento a respeitável Geni Lopes, considerada “símbolo da torcida”, esposa de Joaquim Lopes, maquinista da Sorocabana e também um dos diretores do Clube Atlético desta cidade. Trazia sempre a tiracolo uma sombrinha, como algumas outras torcedoras para se proteger do sol ou de chuva naquelas tardes domingueiras. Lenda ou verdade, consta que elas, encostadas no gradil- separando assistentes dos jogadores –ameaçavam os adversários constantemente, acenando o utilitário solar.
Jovens daqueles tempos enamoravam-se dos craques – alguns vindos de outras paragens – integrantes da equipe ferroviária e dezenas delas contrariam casamentos, tornando-se ótimas esposas e honradas donas de casas ou exercendo profissões diversas como professoras, escriturárias, funcionárias públicas.
Foram bravas e brilhantes as mulheres do Casi, pois podiam naturalmente ser o simulácro das de Atenas. “Geraram pros seus maridos os novos filhos do Casi, orgulho e raça do povo de Itapetininga”.

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