Estar em casa

Segunda-feira, Rodoviária de São Paulo… Entro no ônibus das 16h00… Conto os minutos pra chegar em casa… E quando a gente quer chegar depressa em algum lugar, o tempo parece que demora mais, muito mais… O veículo sai lentamente da plataforma número 04… Pela janela, eu olho, outra vez, os mesmos prédios… Mas agora, não vejo graça alguma, tenho pressa…
Após duas horas de paisagens tantas vezes contempladas, o coletivo para em Tatuí… Eu poderia descer e tomar um cafezinho, mas… Bem devagar, ele sai do Terminal… Que beleza! Penso comigo… Alguma coisa que ainda não sei me faz sentir vontade de chegar logo… Sinto que daqui a pouco, eu verei um panorama que já sei de cor!
Mais alguns momentos de espera e… O ônibus entra na cidade onde tenho endereço… Que delícia! Desço na Estação, adentro a lanchonete e peço um café… Um amigo para ao meu lado e me diz “parabéns, toda semana, eu leio sua coluna no Correio…” E começamos a prosear… Dali a pouco, ele se vai… Chamo a garçonete e pago minha conta… Saio do estabelecimento e vou descendo a via pública, contando os passos… Olho para as moradias, como se olhasse para um rosto… Todas as casas têm um quê de familiar, tão familiar…
Entro na Rua Dr. Coutinho e uma estranha alegria me invade… Talvez seja porque ela tenha se tornado tão íntima… Inúmeras vezes, desde que me lembro de estar no mundo, eu vi essas mesmas casas… Algumas mudaram seu desenho e ganharam pintura nova, mas continuam o seu destino de morada… Aceno para algumas pessoas que passam e me cumprimentam… É tão confortante sentir-se entre amigos!
E vou descendo a minha rua, bem devagar, como se degustasse cada minuto de estar andando pela calçada tantas vezes percorrida… As mesmas moradias, os bares, o shopping, o mesmo céu… Que gostoso estar de volta!
Ando mais alguns passos e, finalmente, vislumbro o portão azul da casa onde moro… Nossa! Que alegria, como é bom estar aqui – Itapetininga!