Eis me aqui, a 5597 metros de altura. Estou um caco gelado. Mas, valeu.
Estou, na Mismi.. (não na mesma). No Nevado Mismi. Trata-se de uma montanha, que fica na província de Arequipa, sul do Peru. É dela que brotam as primeiras gotas, que formarão… lá longe, o rio Amazonas.
Graças ao desgelo, deste nevado, é que serpa formando o primeiro córrego. Corre em sentido noroeste. Seu primeiro nome é Carhuasanta. Ao passar por Cuzco, formam estreitos cânions com mais de 3.000 metros. Duas vezes mais profundos que o Grand Canyon do EUA. Ao receber as águas de afluentes, este acaba trocando de nomes: Apurimac, rio Ene, rio Tambo e Ucayali. Ao entrar no Brasil, recebe o nome de rio Solimões.
Notem. Já são cinco nomes diferentes para o mesmo rio. Apenas mudam seus nomes, conforme as províncias que passa. Geralmente na confluência com alguns afluentes de respeito. Tal qual ocorre em frente a cidade de Manaus – AM. Tão logo o rio Solimões se junta às águas do Rio Negro… nasce mais um novo nome… Rio Amazonas. Em frente a esta capital. Se medirem dali até sua foz, no oceano… jamais seria considerado o rio de maior extensão no planeta. É também o rei do volume de água. Mas, isso é outra briga. O Egito que o diga.
Fui dar uma pesquisada no que dizem a respeito de nascente: Olho d´agua, vertente que brota da terra através de lençóis freáticos. Maravilha. Mas, quando fui procurar sobre a “nascente principal”… encontrei muitas palavras para pouca explicação. Assim, resolvi dar minha contribuição a Wikipédia e mandei essa: Nascente principal, de um rio, é o ponto mais distante de sua foz.
Pronto. Simples, abrangente e compreensível. Creio…
Sendo assim. Determinado em descobrir onde é que fica esse ponto mais distante da foz do nosso rio Itapetininga… me lancei às águas.
Como de prático, não tenho nada. Resolvi começar pelo fim. Isso mesmo. No município da Campina do Monte Alegre, é que temos a foz do Itapetininga, ao desaguar suas águas (muito usadas) no rio Paranapanema (ainda limpo e isento de poluição).
Caiaque, gps, filmadora, máquina fotográfica, papel, caneta, água e meia dúzia de bananas. Ponto para zarpar. Como naveguei contra a correnteza, de fácil não teve nenhum dos 14 trechos que percorri, com uma velocidade máxima de 4 km/h. Todo final de semana, que não choveu, eu cumpri uma etapa de navegação. Fotos e farta documentação. (flora, fauna, peixes e amostras de água). Foram nove meses, para mim conseguir chegar no limite entre Itapetininga e Pilar do Sul. Bem onde termina o nome Rio Itapetininga. Onde dois rios se encontram… O Pinhal Grande, advindo da serra de São Miguel, junta-se ao rio Turvo. Nesta confluência. Mas, deixo claro. Confluência não é nascente. Confluência é encontro. Pode ser até de ruas. Sendo assim…
Sigo, o rio Pinhal Grande… este possui 37 Km até sua nascente principal.
Aos pés da Serra do Mar, já no município de SMArcanjo. Que, ao passar rente a dois bairros, recebe emissão de esgoto clandestino. Destruindo toda alta qualidade adquirida desde a serra.
Agora, vamos seguir pela calha do rio Turvo…
Passei serpenteando a cidade de Pilar do Sul, até me deparar com a segunda Estação de Tratamento de Esgoto…. Faltando 1km, já avistei as águas turvas e de mal cheiro. Problemas para a Cetesb resolver. Sigo …Mas, não vou longe. Estou frente a um enorme paredão. As águas correm forte e rápidas. Aqui não posso navegar. Trata-se da Usina Hidrelétrica Batista. Do Grupo Votorantim. Primeiro ponto econômico que avisto neste rio. Além da Sabesp. E, graças a represa, foi criado um grande lago. Explorado pelo turismo que impera neste trecho do rio. São restaurantes, hotéis, pousadas, esportes náuticos, pesca recreativa e até ski aquático a turma pratica, deixando ainda mais linda a passagem deste lugar.
Bem que Itapetininga poderia ter feito o mesmo. Um reservatório que nos garantiria água nos tempos de seca. E, quem sabe teríamos despertado o turismo em nossa cidade. Mas, deixa prá lá. Chega de pensar… bora navegar.
A imensa represa, é alimentada por um filete de menos de 10 metros de largura. Estou passando por matas naturais, cada vez mais densas e complicadas por troncos e galhos em seu, estreito leito… desisto de navegar. Caio nos mapas hídricos, da Prefeitura de Piedade SP… Sigo no lápis… Creio ter encontrado o ponto mais distante…
Dia 30 de agosto de 2010 seguimos de carro. Na companhia de Manoel Silvério e seus filhos, o físico e agora vereador Marcos e o nobre professor Marcelo Nanini. Comemoramos a descoberta.
A 1.120 metros de altura do mar. Fazenda Piquet. Brotando aos pés de um pé de Ambeiro… nasce com o nome de rio Turvo. Límpido. Cristalino. Cercado por uma floresta exuberante da mata atlântica. No Morro da Queimada. Na Serra Cristalina… sua georeferência são: 23º49´886´´W e 47º24´223S… Colocamos a placa: Esta nascente é a primeira água que irá formar o caudaloso rio Itapetininga. Até este ponto são: 290 Km de comprimento.
Prometo não voltar mais a este assunto. O rio Itapetininga nasce em Piedade SP. Com seu primeiro nome: Rio Turvo.
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Nota: Até o famoso rio Nilo, possui vários nomes em seu trajeto. Nasce em Burundi – África, com o nome de rio Kagera, Lago Vitória… Nilo Branco… Nilo Azul… ih, vai longe.