Nessa vida, algumas coisas boas só acontecem de tempos em tempos e aí colocamos décadas e até século. Exemplo: O século V Antes de Cristo, na Grécia, o chamado “Século de Péricles” que conseguiu reunir quase ao mesmo tempo e no mesmo chão, três dos homens mais inteligentes desse planeta até hoje como os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. Também o escultor Sidias (da Acrópoles grega), o dramaturgo Aristófanes e outros (gregos). Certo! Algumas épocas da humanidade são mais privilegiadas que outras. Na música popular brasileira as décadas de 1930 a 1970 do século XX foram consideradas sublimes.
Surgiu nessas décadas um celeiro de compositores, cantores, músicos, arranjadores como nunca se viu. E logicamente, graças a revolução tecnológica acontecendo nesse século. Para citar alguns: Noel Rosa, Ary Barroso, Dorival Caymmi, Silvio Caldas, Luiz Gonzaga, Elizete Cardoso, Vinicius de Moraes, Francisco Buarque de Iolanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Nara Leão, João Gilberto e tantos, tantos e tantos. Também Antônio Carlos Jobim o “Tom” lógico.
Situamos, especificamente outro exemplo, como no final da década de 1950 (mais especificamente 1958) na requintada zona sul do Rio de Janeiro, então capital do país, nos bairros de Ipanema e Leblon, um grupo de jovens músicos e compositores descobrem (ou inventam!) um novo ritmo, ou seja, a bossa-nova. O pioneiro foi o violão de João Gilberto auxiliado (mas, muito!) pelas letras e músicas de Vinicius e Tom. O ritmo com base na trindade “céu, sol, mar” e também “paixão, muita paixão” e que conquistaria países do mundo ocidental e oriental como os Estados Unidos e Japão, influenciando algumas vezes até a cadência do jazz e, o mais importante, sem dissociar-se da linha melódica brasileira. A suas raízes (da bossa nova) continuaram a serem nacionais. Na época, alguns turistas da mpb consideraram a bossa nova como alienada, elitista e supérflua. Mas, na verdade, a bossa nova mostrou ao mundo um novo Brasil depois de Carmem Miranda.
Quatro ou cinco anos depois de seu surgimento, aparece no cenário musical brasileiro, a denominada “música de protesto”, mas realista, politica, crítica (contra regimes ditatórias, sociedades divididas economicamente entre outros assuntos) mas igualmente magica e linda. Em apenas duas décadas (50 e 60) apareceram novos gênios musicais. O ciclo se fecha com o Tropicalismo, síntese da cultura brasileira até então.
Quando surgirão novamente estes movimentos tipicamente brasileiros? Se já existem, não são completamente divulgados e nem popularizados. Como grande parte dos novos compositores brasileiros ainda são filhos do “rock n’roll” e (congêneres!) o bom gosto musical levara tempo para voltar nesse país. Muito tempo…