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Gilberto Gil, um cidadão brasileiro

Ele, Gilberto Gil recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, não parou com a suas atividades artísticas durante o apogeu da pandemia (digamos, março de 2020 até mais ou menos julho de 2021). Neste período quase não saiu de sua casa no Rio de Janeiro, mas fez algumas “lives” (“shows” no interior da residência) e que foi assistida via internet por milhares de aficionados de sua voz e de suas composições.

Neste momento acabou de voltar da Europa juntamente com a cantora Adriana Calcanhoto onde em países como Portugal e França fez recitais para satisfação da colônia brasileira que habita tal países. E é muito bom que isso aconteça pois além dos compatriotas, Gilberto Gil possuí uma legião de fãs europeus. Seu canto e suas canções são muito bem recebidos por críticos lá. Repito novamente, é bom que isso aconteça pois ele estará “limpando a barra” dos vexames causados pelo presidente da republica de plantão daqui e sua equipe quando viajam para o exterior (e vocês sabem quais os vexames). Ao contrário, Gilberto Gil dignifica o Brasil. Já assisti vídeos em que ele é aplaudido por quatro a cinco minutos em plateias estrangeiras.

Não é intenção desta coluna em contar toda a carreira artística dele. Nem caberia e seria muita pretensão. Em 1965, Gilberto, baiano de Salvador veio para São Paulo trabalhar na então Gessy Lever nos escritórios da empresa na Praça da Republica em São Paulo. E para ficar próximo ao emprego foi morar num apartamento do mesmo prédio que já residia o seu amigo direto Caetano Veloso, na rua Sete de Abril.

Ambos já se conheciam da capital baiana e participavam dos mesmos espetáculos musicais lá. Em São Paulo fizeram alguns programas na extinta (pela ditatura militar) TV Excelsior, da família Simonsen (que apoiava o presidente João Goulart). Depois Gil deixou o emprego na Gessy Lever (hoje Unilever) e esporadicamente se apresenta na TV Record. Como nos memoráveis programas do “Fino da Bossa” comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues.

E em 1967, um pouco antes de participar do Terceiro Festival de Música Popular Brasileira na mesma Record, juntou-se a uma emblemática passeata contra a introdução da guitarra elétrica na música popular brasileira, passeata está comandada pela própria Elis na Avenida Consolação na capital paulista. Tudo pela pureza da MPB. E pouco tempo depois apresenta-se no festival da Record com uma música considerada revolucionaria na canção brasileira de titulo “Domingo no parque”. A composição apresentava elementos novos na harmonia, principalmente com o arranjo do maestro Rogerio Duprat. A letra parece trecho de um filme. O tema refere-se a dois homens e uma mulher de classe inferior economicamente e da relação dos três surge uma tragédia. Gil foi acompanhado pelos irmãos Arnaldo Baptista que tocava baixo elétrico e Sergio Baptista, guitarra elétrica. Instrumentos que Gilberto Gil repudiou anteriormente. E ainda Rita Lee no contracanto, enfim “Os Mutantes”.
E o Brasil passou a conhecer melhor um seu cidadão Gilberto Gil.

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