Há muito a música encantava a cidade

Quando as noites eram acalantadas por belas e divinas músicas, a população de Itapetininga, principalmente os jovens, tanto estudantes, como aqueles que batalhavam para conquistar o seu espaço, se extasiava com as serenatas realizadas periodicamente.
Nas principais ruas do centro, como também em vários pontos da periferia, nas altas horas, ouviam-se as vozes entoando as sentimentais canções que arrebatavam os corações das moças apaixonadas, ou então somente os grupos instrumentais emitindo os sons dos mais agradáveis sambas canções, boleros e tangos.
Geralmente em noites enluaradas, que por si só já tornavam o ambiente mais romântico, os responsáveis pelas belas execuções, colocavam toda “alma” para que o acontecimento obtivesse pleno sucesso e agradasse a todos os que os ouvissem… Enamoradas, ou não, abriam sorrateiramente parte das janelas para saber quem eram os autores da divina cantata.
Serenatas realizavam-se em muitas cidades do interior, inexistentes em localidades de grande porte ou industrializadas.
Nas serestas, as vozes mais ouvidas eram de Orlando Scot, Jorge Ravacci, Paulo Ozi, Paulo Mendes, entre outros que atravessavam as madrugadas. Os grupos de seresteiros “se apropriavam” de rosas nos jardins das residências do centro da cidade e ofereciam às “donzelas” que se emocionavam com as pétalas vermelhas que exalavam o inesquecível perfume daquela flor.
Em toda a região de Itapetininga cantava-se com inigualáveis bandas de música, alegria e orgulho de seus habitantes e com os cantores de bom nível artístico. Tivemos aqui várias bandas de alto valor, como a do Rosário, a Banda Lira, a corporação pertencente ao 5º BC e a Municipal (hoje denominada Edil Lisboa, única ainda existente e que abrilhanta todos os eventos da cidade, ou realiza retretas no Largo dos Amores, na Matriz ou outros locais, sob a regência primaz do maestro Gerson Ramos).
A vida musical, na década de 1950, em Itapetininga suplantava as serenatas. Existiam conjuntos musicais de alta qualidade, em todos os cantos da cidade. Poderíamos lembrar de alguns, como os integrados por Belarmindo (Secreta policial), Tonico Duarte (pai do Roberto do pastel), Geraldo Silva, Nenê Bucheiro (sanfoneiro), Adão do Cavaquinho, o sanfoneiro Corvo, o pandeirista Galera (que inclusive se apresentaram no programa do velho Chacrinha na capital). Com brilho também se destacavam em nossa cidade Muzel, Aparício Pires, Zelão (o saudoso massagista). Na rádio se destacavam Tereza e Aguinaldo (Duo Aurisol), Zizinha Gurgel, Alzirinha Camargo, no início de sua carreira).
A cidade continua oferecendo grandes músicos e eu seria injusto em numerá-los pois faltariam muitos nessa lista.

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