E por falar em calçadas, nossos legisladores precisam abrir os olhos, senão a espécie humana corre o risco de sofrer apocalíptica metamorfose. E não pense o nobre leitor, que a desgraceira está presente apenas na Voçoroca do Sul. Na Estância Turística de Salto há o mesmo drama e, na capital do Estado, a tragédia é idêntica! Imaginem só como deve andar as coisas lá pra bandas da Bahia, do Acre, do Maranhão!
Certos moradores parecem esquecer que eles são proprietários apenas e tão somente do imóvel registrado na Prefeitura e que, após o portão, o espaço é público e não se encontra à mercê de seus desejos, fantasias e chiliques!
Calçada é o espaço destinado à passagem dos pedestres e, segundo Antonio Houaiss, é um território horizontal, isso mesmo, ho-ri-zon-tal, não pode ser inclinado conforme a conveniência do morador para descer seu possante da garagem ou deslizar sua querida sogra…
Após a quase-queda que sofri semana passada, passei a prestar mais atenção por onde ando e cheguei à conclusão que a espécie, que se diz racional, corre o risco de sofrer escatológica mutação de tanto ser obrigada a andar de través!
Nosso esqueleto tem formação para caminhar ereto, não inclinado, de conhém… Então, se todo mundo que anda pelo “passeio” for constrangido a entortar sua ossatura e equilibrar-se talqualzinho um cabrito montanhês todo santo dia, nossas futuras gerações correm o risco de nascer com esquisitoso desenho genético, isto é: tor-to! Pode ser também, que bebês venham ao mundo com uma perna mais curta que a outra ou até mesmo, credo-em-cruz, o homosapiens passe a nascer com quatro patas, assim estará mais adaptado para sobreviver em nossas urbes.
Do jeito que a coisa vai, daqui a pouco, um nóia decidirá cobrir sua calçada com cacos de vidro para evitar que seu vizinho ande por ela, outro resolverá espargir pregos pontiagudos… Alguém poderá construir um fosso com esfomeados jacarés prontos para almoçar um pedestre distraído… Um inquilino mais ousado decidirá engendrar um caminho de aço eletrificado e, assim quando seu desafeto passar, basta ligar a tomada e… babau!
Mas, ainda ha tempo de se impedir a tragédia… Basta que nossos caríssimos “vereantes” trabalhem de verdade em prol da população que os elegeu, parem de “encher linguiça” e falar bobagens no plenário.
Alguém precisa e, com urgência, conscientizar proprietários de que a calçada é pú-bli-ca… E, repito, nosso esqueleto é formado pra andar em linha reta! Ou viramos homo-sapien-de-conhém!