Por Luna Formaggi
Nesta cidade com mais de 150 mil habitantes, onde cultura e tradição se entrelaçam, é essencial refletir sobre a importância das políticas públicas à população LGBT+. Apesar dos avanços em diversas áreas em nosso município, ainda há muito a ser feito para garantir a inclusão e o respeito aos direitos dessa comunidade.
Em um contexto onde o amor deveria ser a força motriz para a construção de uma sociedade mais justa, não podemos ignorar o silêncio que impera sobre as necessidades que merecem toda atenção e apoio. A inexistência de um conselho LGBT+ ou de diversidade, a falta de uma Casa de Acolhimento e a ausência de projetos de saúde pública para essa população são questões que demandam atenção urgente. Precisamos questionar: por qual razão uma parcela significativa da população de Itapetininga continua a ser ignorada quando falamos de políticas públicas? O conservadorismo cultural, embora respeitado como parte da identidade local, não pode ser usado como desculpa para a falta de ações afirmativas. A diversidade é a essência da humanidade, e uma cidade inclusiva é aquela que celebra suas diferenças e encontra força na união. A compreensão e o respeito às especificidades da população LGBT+ são pilares para uma sociedade superior justa e igualitária. As ações independentes realizadas por grupos independentes como o Núcleo Trans de Itapetininga e o Coletivo DiverCidade, em parcerias com instituições de ensino e outros grupos são louváveis e demonstram a mobilização da sociedade civil na busca por acolhimento e apoio psicológico para a comunidade LGBT+.
No entanto, não podemos depender exclusivamente dessas iniciativas. É papel do poder público agir de forma ativa, oferecendo políticas públicas efetivas e bem estruturadas que atendam às demandas dessa população, a implementação de políticas públicas voltadas para a população LGBT+ não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento econômico e cultural.
Cenário de Violência no Brasil
Até setembro de 2021, os dados de violência contra a população LGBT+ no Brasil revelaram uma situação alarmante, com 329 assassinatos registrados no ano, representando uma média de quase um assassinato a cada 27 horas, de acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB). Além disso, a violência doméstica, abuso policial, LGBTfobia na internet e violência em espaços públicos também foram relatados como problemas significativos. A subnotificação de crimes motivados por LGBTfobia e o discurso de ódio nas redes sociais complicam ainda mais o cenário, destacando a necessidade urgente de políticas públicas inclusivas e medidas concretas para combater o preconceito e garantir a segurança e os direitos da comunidade LGBT+. Quando falamos de pessoas Trans e Travestis, esses dados se tornam mais alarmantes, indicando uma expectativa de vida medieval, de 35 anos, e sim, todos esses dados se refletem em Itapetininga nas centenas de pessoas pertencentes a população LGBT+ residente no município.
Cidades do futuro
Cidades que abraçam a diversidade tornam-se automaticamente, cidades mais saudáveis e desenvolvidas, atraentes para investidores, turistas e talentos, é um caminho para o progresso e a evolução da sociedade em seu todo. Nesse sentido, é importante que a comunidade LGBT+ e seus aliados se unam para lutar por seus direitos e exigir representatividade política, a voz dessa comunidade precisa ser ouvida, e é através da participação ativa e engajamento cívico combinado com o poder público, que as mudanças efetivamente acontecerão. Itapetininga tem o potencial de se tornar uma referência em inclusão social e respeito à diversidade no interior do sudoeste paulista, é hora de superar barreiras e construir um futuro mais justo e acolhedor para todos os seus cidadãos, a implementação de políticas públicas é o caminho para fortalecer os laços e garantir que ninguém seja deixado para trás e possamos avançar coletivamente como cidade. Afinal, somente com o respeito e inclusão de todos, poderemos ser uma cidade próspera e humanitária.
Que as lideranças e representantes políticos de nossa querida Itapetininga estejam dispostos a abraçar essa causa com coragem e empatia. Só assim podemos caminhar em direção a um futuro onde o arco-íris de cores se refletirá na diversidade de almas que compõem essa cidade maravilhosa.
É chegada a hora de acolher, é chegada a hora de incluir!