Na graciosa e ingênua Angatuba, fantasiava-se das mais variadas personagens: “fada, rainha, bruxa, cinderela, guerreira, marinheira, mulher maravilha ou aranha”. O sucesso sempre foi absoluto, não só nas ruas desfilando, como igualmente nos festejos escolares. Ainda em plena 2ª Guerra Mundial (1928 – 1945), seus pais mudam-se para Itapetininga. Ele músico, Edil Lisboa, nome forte e de família de músicos – maestro responsável pelas orquestra Pan-Americana e Venâncio Aires, tinha também a nobre e artística profissão de alfaiate servindo a alta classe da cidade.
Ivone estuda e se forma professora e embora lecionando não deixou de amar o carnaval e o fascinante mundo da fantasia. Forma o famoso bloco Babo Grosso integrado por pessoas de fino trato, animando os bailes venancianos e se apresentando em municípios vizinhos. Venceu dezenas de concursos, cujos prêmios ela guardava com carinho em sua residência. Foram conquistados graças a animação, beleza, compostura, originalidade e outros itens, apresentados pelo Bloco.
Mas o carnaval não se resumia apenas ao Clube. A gloriosa e suprema felicidade encontrava-se no desfile de ruas da cidade. Blocos, cordões e foliões anônimos, representando entidades e vilas, colocavam-se da Virgilio até o Largo dos Amores – a Praça do Povo – seus componentes com fantasias muito criativas e carros alegóricos que surpreendiam no visual, tal seu encanto. Todos os anos, infalivelmente, surgia, como verdadeira rainha em sua vestimenta rica e luxuosa, brilhante e atrativa. Ivone Lisboa em pé, soberana daquelas noites “onde o sonho de beleza suplantava a realidade!”
Foram inesquecíveis carnavais que Ivone viveu e resplandeceu, extasiando todo povo. Ela que nasceu em pleno carnaval, ofereceu alegria a Itapetininga.
E neste momento em que vivemos a pandemia, mudamos nosso comportamento e anunciou que não mais haverá carnaval, Ivone vestiu sua última fantasia e se foi. Deixou parentes e muitos amigos. Faleceu aos 88 anos neste 01 de setembro.