Nos últimos dias, estive lendo a vida de Rui Barbosa escrita por Luís Viana Filho. É uma obra excelente. Há um capítulo inteiro que descreve a tradução que Rui fez da obra “ O Papa e o Concílio” de Doellinger. Saldanha Marinho foi quem propôs a Rui a tradução de tal livro. Observe o jogo, caro leitor. Tanto Rui, como Saldanha defendiam a separação da Igreja do Estado.
Saldanha Marinho havia, não muito tempo, saudado o jovem Rui, dizendo que “era o jovem mais esforçado, propugnador das conquistas da civilização e do progresso”. Em pouco tempo, diante do elogio, o trabalho de tradução estava pronto, porém, como afirma Viana e é verdade “avultava a introdução de Rui, duas vezes mais que a obra traduzida.
Política é um jogo de xadrez e quem não sabe mexer as peças, cai no ostracismo, porque não há perdão, embora todos digam que são cristãos, porém são nominais e não verdadeiros.
Rui Barbosa, depois dessa tradução, incentivado por Marinho e agora, já no período republicano, tentou a Presidência da República e não ganhou, embora fosse um homem probo, culto e merecedor do cargo. Por que não ganhou? Luís Viana Filho responde: “A Igreja, porém, não esquecera nem perdoara o tradutor de “O Papa e o Concílio”. Viana continua: “E novamente os religiosos se atiraram contra o herege. Um deles chegou mesmo a afirmar que Rui dissera ser “Jesus Cristo filho dum soldado e duma mulher perdida”. E ao mesmo tempo espalhavam o folheto impresso em 1884, o libelo sórdido, como o chamara Rui, e fizeram descer dos púlpitos a maldição sobre os que votassem no candidato ímpio”. (Página 165) política é um jogo de interesses.
Quanto à abolição, Viana diz: “também era interessante observar como a Princesa e os republicanos marchavam juntos para a abolição. Ela estava certa de encontrar aí a salvação da Coroa, enquanto eles acreditavam ser o túmulo da monarquia. Espécie de jogo de ricochete: Todos atiram no mesmo alvo, mas, no fundo, tinham objetivos diferentes”. (Página 175) não havia perdão na época, mas havia muita vingança, vingança e vingança. Será que há hoje vingança, perdão e jogo de xadrez?
Cristo, todavia, na oração modelar, que muitos transformaram em reza, ensinou: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Comentando tal cláusula, Jesus, o nosso único Redentor e intercessor, disse: “porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celeste vos perdoará, se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”.
Rui, o monossílabo da República, foi o maior jurisconsulto da época, no entanto foi peça de xadrez. Não soube jogar.
Falecidos da Semana
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