Quando a já saudosa cantora e compositora Rita Lee apareceu na mídia televisiva era uma bonita jovem de vinte e tantos anos tocando um pandeiro (ou chocalho) junto com os irmãos Baptista no glorioso Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em setembro-outubro de 1967, o trio (que depois iria se tornar “Os Mutantes”) acompanhando Gilberto Gil concorrendo com “Domingo no Parque” (segunda colocada no final). A cena era bonita: Gilberto Gil elegantemente vestido, no violão, os irmãos Baptista (teclado e guitarra) e a loira Rita no pandeiro.
A pergunta que se seguiu foi: como Gilberto Gil teve a coragem de convidar um conjunto musical (os três) para acompanhá-lo no vocal? Tudo bem que havia a grande orquestra da própria Record por trás, mas havia alguns momentos que o protagonismo estava com Gilberto Gil e o futuro “Mutantes”. Foi uma consagração. “Domingo no Parque” quase ganhou o primeiro lugar (festival vencido por “Ponteio” com Edu Lobo e Marília Medalha). Alguns membros do júri não deram a vitória para Gil, pois acharam a música moderna demais e por usar aparelhos eletrônicos na canção.
Depois deste Festival, os três (Rita e os Baptista) se transformaram no “Os Mutantes” e seguiram carreira artística muito elogiada. Mas não por todos. Os puristas da MPB consideravam que eles não faziam música brasileira, e sim um ritmo mais “pop”, uma influência enorme do yê-yê (ritmo da época) e dos Beatles como grande parte dos cantores brasileiros então faziam.
Outros também eram contrários aos “Mutantes” porque numa época que a ditadura civil-militar endureceu demasiadamente após a edição do Ato 5, matando e torturando os contrários a ela, os “Mutantes” faziam estrepolias nos palcos, pulando e sorrindo o tempo todo, com trajes circenses (Rita chegou a fantasiar-se de noiva grávida), como se o que acontecia politicamente no Brasil fosse algo normalíssimo
Com o tempo, porém, a mídia foi entendendo que as atitudes alegóricas da cantora, eram um protesto contra a censura (muito rígida), o atraso intelectual de quem governava, as caretices do poder, o sadismo das ações policialescas. Rita também inovou com suas canções e composições, as letras de músicas de canções de amor, até então adocicadas ou melosas, colocou erotismo nelas, de acordo com a época da liberação sexual (sou bonita e gostosa…). Afinal ela é a mais perfeita tradução de São Paulo, como escreveu Caetano Veloso em “Sampa”.
Se fato é foto…
Casal Itapetiningano Maria Antonieta Bueno Vieira de Camargo, a Neta (fundadora do grupo Boazinhas) e João Calil Vieira de Camargo (diácono no Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul – Igreja da Aparecida) continuam firmes, fortes e na ativa em prol das assistências sociais de Itapetininga. Foto – Arquivo Pessoal