Liberdade menosprezada

É natural e necessária a preocupação com a miséria humana.
É impossível ser feliz em ambientes onde impera a infelicidade. Tal situação explica o fascínio da juventude por ideias igualitárias.
Foi prometendo o paraíso da igualdade da condição humana que o comunismo amealhou boa parte dos povos. De início, como sempre, festejou a distribuição da poupança alheia.
O prometido mundo sem patrões logo desabou perante a dura e nova realidade, pois os patrões de outrora acabaram substituídos por membros do partido no poder. Criou-se uma casta pouco laborativa, ociosa e incontestável, ditando regras de convívio e limites às iniciativas individuais.
A preocupação com a miséria era tanta que a condição humana passou a ser imaginada como a situação de animais residentes em granjas. Bastava boa comida, água fresca e ambiente controlado, para a plena felicidade.
Ocorre que a população não tolera ser tangida como boiada, e não consta das habilidades humanas a abolição de iniciativas, ideário e livre manifestação. Passados o banquete e discursos oficiais, a economia sempre acabou aniquilando o sonho da população-rebanho, e as crises passaram a socializar misérias e descontentamentos.
A supressão da liberdade, vista como mero cacoete burguês, gerou ondas de indignação, principalmente em estudiosos, cientistas, pensadores, empreendedores e tantas outros grupos que movem o mundo. A busca de liberdade levou multidões a buscarem refúgio em outras terras, mas a nova realidade tratou de tornar os países verdadeiras prisões, impedindo o ir e vir.
Como consequência natural dos regimes fechados e ditatoriais, multiplicaram-se as prisões políticas. A população, que julgava adentrar um mundo igualitário e feliz, viu-se aprisionada, sob o mando cruel de um partido único, que sempre odiou a cultura e tradições não oficiais.
Ainda hoje, milhões de pessoas vivem sob o jugo de regimes comunistas, sem liberdade e sem o direito de ir e vir. Em alguns países, as leis da economia e o conhecimento da natureza humana convenceram mandatários, e a propriedade privada vem sendo gradualmente consentida, e as iniciativas privadas gradualmente permitidas.
Continua, em todo o mundo, a preocupação com a miséria humana, que deve ser combatida por meios mais civilizados e respeitadores. À educação compete encurtar os caminhos rumos ao bem estar social.
Governos corruptos produzem misérias, e constituem hoje o maior obstáculo à felicidade humana. Pouco vale o prato cheio, quando a cidadania não é respeitada.
Governos respeitadores graduam impostos, incentivos e desincentivos, norteando o custo social das iniciativas, e harmonizando as relações entre o capital e o trabalho, sem desestimular as gerencias. Erigem instituições sólidas, que resistem a uma ou outra intempérie, e geram leis que asseguram a igualdade de direitos e obrigações.
Trocar patrões por membros de um partido foi, sempre, um péssimo negócio.

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