Para quem não assistiu nos cinemas e no Globoplay (também nos celulares) estreiou finalmente na televisão (canais pagos) o nacional (e esperado!) Marighella no último sábado, às oito da noite no Telecine Premium (canal 500 na Sky). Como alguns de vocês sabem “Marighella” é dirigido por Wagner Moura (de Tropa de Elite 1 e 2) e retrata um episódio real durante a nefasta ditadura cínico-militar brasileira (1964-1985). Trata-se do período final da vida do político (e homem de ação) Carlos Marighella, nascido na Bahia e que teve uma atuação destacada na política no Rio de Janeiro. Ativo membro do perseguido Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, PCB, desde a sua juventude.
Como é sabido o “Partidão” atuava clandestinamente desde o final da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, por decisão do então presidente do Brasil (eleito pelo voto direto) marechal Eurico Gaspar Dutra, no início da chamada “Guerra Fria” entre Estados Unidos e União Soviética, Dutra favorável aos Estados Unidos (lógico!). Carlos Marighella começou a ser perseguido mesmo antes do início da ditadura, e quando essa se deu, ele não teve mais sossego. Mas, para ele, o pior estava para acontecer com o surgimento do Ato 5 em 13/12/1968. Aliás, 1968 foi considerado pela crítica política como o “ano que ainda não terminou”. Em 1968 Carlos Marighella rompe com o Partido Comunista Brasileiro (o Partidão) pois este era contra combater a ditadura pela luta armada, e Marighella não via outra alternativa senão recorrer a ela. E daí parte para a ação revolucionária pela força, começando assaltou bancos (demônios capitalistas, segundo ele) para comprar armas. Então começa a odisseia de Marighella.
Mas, passemos ao filme em questão: duas horas e cinquenta minutos de muita ação, muito bem dirigido por Wagner Moura, ex-ator da TV Globo. Teve o apoio de várias empresas, entre estas, a própria TV Globo e a Ancine (empresa federal de apoio ao cinema brasileiro).
No elenco “seu” Jorge (vivendo muito bem o papel título), Adriana Esteves (no papel da esposa Clara), Herson Capri (dirigente do Partidão), Bruno Gagliasso (numa interpretação segura vivendo o papel do policial Sérgio Paranhos Fleury, o algoz de Marighella). Aliás, este personagem real mereceria um filme a parte pela sua personalidade complexa. Houve mortes de lado a lado, mas Fleury matava os guerrilheiros na tortura (o que condenado por organizações internacionais. E além de guerrilheiros, também estudantes que nada tinham a ver com a luta armada. O filme mostra o sadismo do personagem magnificamente interpretado por Bruno Gagliasso. O elenco aliás, foi ensaiado pela diretora e preparadora Fátima Toledo. Cenários caprichadíssimos mostram uma São Paulo da década de 1960. Carros, muitos daqueles anos também, o ambiente urbano, o vestuário, a decoração das casas, o aparelho de televisão não colorido, entre tantas outras coisas.
Quase no final, Herson Capri, interpretando o dirigente comunista que era contra a luta armada, confessa a Marighella que errou. O momento era aquele para o Brasil voltar a normalidade democrática. Era lutar ou morrer.
Marighella morreu em quatro de novembro de 1969 quando foi chacinado pelas forças de segurança, dentro de um carro. Recebeu dezenas de tiros sem oportunidade de defesa, na mesma noite em que a seleção brasileira de futebol jogava no Pacaembu para sua classificação para a Copa de 70.
O final do filme é empolgante quando todos os personagens (ou quase) se encontram, mesmo depois de estarem mortos. E… não percam!
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