Marvado Portuguêis

Tenho algo a lhes contar. Juro pelo vizinho ,que foi verdade.

Estava eu, na feira, neste último domingo. Chupava manga, enquanto me deleitava à sombra, curtindo os sertanejos se apresentarem no palco do Pedraco. Não fosse pelo cheiro de urina, advindo do banheiro público, eu nem precisaria mudar de banco. Como estavam todos lotados, fiquei em pé, mais próximo da rua… Quando surge de repente, sei lá donde, uma bela charrete dourada, puxada por uma parelha de burros e uma égua madrinha à frente. Eita égua bonita. Toda enfeitada com luzes led. O condutor, estava de terno e gravata, mas como usava a máscara do Cap. Gancho, não o pude reconhecer. Me faz sinal para apear na charrete encantada. E, logo me sentencia:

– Ôoo chupador de manga. Quer conhecer o futuro da cidade ?

Fora a intimidade… do convite, eu gostei.

– Pare de ficar pensando. Ou sobe ou fica sem saber? Vocifera.

Achei melhor ir logo. Não é todo dia que isto acontece. Bora !!

Coisa doutro mundo. O “painel” era só instrumentos, relógios e luzes de toda cor. A égua madrinha deu uma olhada para conferir, olhou para mim, sorrindo, sai em disparada. ihuuuuuu

– Seguuuura peãoooo !! – Foi uma correria geral. Parecia que iria passar por cima do pessoal fazendo compras. Mas, tão logo a égua deu um pum (ué, não fedeu!!?), fomos cercados de luzes fortes o suficiente, para cegar até o Raul com seus óculos escuros. Tchamm

Graças ao pum, digo, a luz forte. Necessitei esfregar os olhos para poder enxergar. Mas, ao abri os olhos, custei acreditar que era nossa Itapetininga. Bem na entrada da cidade. A nossa frente , um grande e imponente Portal, saudando aos visitantes: SEJAM BEM VINDOS A ITAPETININGA – Terra dos grandes vultos nacionais. (Não só temos Júlio Prestes, como Venâncio, Teddy, Anésia, etc…) Seria discriminação com os demais.
Dali da entrada, avisto a nova silhueta de nossa cidade… . Um conglomerado de arranha-céus. Não dava para ver, nem mais, as torres das igrejas. Estou sem referências.
A égua marchava garbosa. Detectores identificavam o nosso “veículo”. Ninguém entra ou sai sem ser identificado.

– Para erradicar roubos e assaltos na cidade. Me falou o burro que estava por último na parelha. Não estranhei. Até agradeci.

. Passamos pelo recinto de exposições. Transformado num Centro de Eventos. Por sinal, estava ocorrendo o 10º Salão Tecnológico do Agro-negócio. Não existem mais trabalho semi escravo. Nem boias frias. Tudo por robôs e drones inteligentes. Mesmo sem ter que sujar as botas, estavam todos com botas e chapéus.

O conjunto sertanejo que se apresentava eram: Os caipiras do espaço. Lasers riscavam os céus. No ritmo do som.

Não haviam mais semáforos. Enfim, os pedestres tinham a preferência. Placas indicavam quando seu veículo está a mais de 30km/h. Pudera, as ruas continuavam estreitas, eram o charme da cidade. Painéis indicavam pontos turísticos aos visitantes. O turista está sendo respeitado.
Agora ninguém se perde na cidade. Aplicativos informam tudo.

Estamos passando pela avenida Peixoto Gomide, é dia de feira. Quanta mudança. Todas as barracas seguiam um padrão de cores. A de pastéis eram vermelhas, de verduras e legumes…. verde, etc. Cada barraca, uma placa informações sobre o produtor e dos produtos ali ofertados.
E, uma útil lixeira ao lado. Não haviam mais folhas ou frutos podres jogados na via pública. Nem papel no chão. Estou feliz pela educação destes novos moradores. Agora, ao avistar o antigo coreto-banheiro, me surpreendi de vez. Lá estava um novo coreto. Já não havia mais o banheiro antigo. Este ficava no sub solo, escondido, discreto e limpo.

Cantores sertanejos entonavam O Menino da porteira, remasterizado. No entorno virou praça de alimentação. Comidas do Japão, Itália, Árabes, chinesa, turca, caipira… O pessoal já saia da feira de barriga cheia. O espaço ganhou utilidade e higiene. Lindo de mais.

Nossa charrete não pode entrar pela Campos Sales, pois agora coberta, é Bulevar. Só pedestres. Comércio 24 horas.

Chegamos à praça Central. (antigo Largo dos Amores) O f Venâncio, intacto, desde 1888. O Centro Cultural estava em pé. Ao lado havia um quiosque de atendimento ao turista.
Pedi permissão e desci.

Me dirijo até o quiosque. Apenas uma máquina.
Surge um(a) recepcionista em modo halográfico.
– Em que posso lhe ser útil?
Eu queria saber tudo, e fui logo perguntando….
– Como está o Caminho Real das Tropas ? Eu posso pescar no Itapetininga ? A lagoa Silvana ? O museu…??
– O Real Caminho, hoje conta com toda infra estrutura para os visitantes. Placas indicativas, banheiros, aluguel de: bike, burro, jeep, moto e até cajados. Possui bancas que oferecem todos os produtos feitos em nossa região. Agências de viagens trazem cada vez mais visitantes. Aumentando a renda e o emprego, no trajeto de 50 km. Além de ser o trecho preferido pelos muladeiros de hoje. Quanto ao rio, hoje temos uma represa. Reservatório que assegura água aos moradores, turismo e lazer a toda população. Valorizou suas margens com condomínios de luxo. E conta com várias áreas de pesca esportiva. Irreconhecível diante do passado desprezado. Já, a lagoa, está aberta ao público. Seu antigo lodo contaminado, foi retirado e tratada. Hoje, as famílias nadam e se refrescam em suas limpas águas. Torneios de canoagem, natação… Além de contar com palco para eventos.
Quanto ao Museu, está completo. Recuperamos muitas peças roubadas no passado. Nosso cavalo está com as tralhas todas. Até as cangalhas fazem parte deste magnífico acervo cultural. Filmes, óculos 3D… dão aos visitantes a real sensação da fundação da cidade. Não existem mais produtos de artesões atuais. Alias, museu não é show roon. Uma sala com livros, fotos e peças raras encontram-se numa sala de pesquisas. Tudo a mão dos estudantes, pesquisadores e curiosos. Como foram recuperadas muitas peças, tiveram que pedir mais salas e assim a secretaria da cultura, ganhou um prédio novo. Ganhamos mais um andar para nossas relíquias. Notei que até o alvará dos bombeiros foi emitido. Hoje volto com mais esperanças, com orgulho de ser Itapetiningano.
– Mas, antes de sair do museu, questionei a falta da galeria de fotos dos prefeitos e secretários. A cibernética recepção responde em tom chateado: Queimamos de vergonha! Afinal, quem é importante para nossos dias, é a própria população. Que tanto pagou e tanto sofreu, com más administrações, com má gerência do dinheiro público e com a falta de respeito, por aqueles, que são bem pagos para administrar não só uma cidade, como toda sua população. Hoje, não temos nem vereadores. Aplicativos estabelecem as prioridades de cada bairro, de cada quadra e de cada cidadão. Não precisa mais se humilhar para receber.
– Vamos, o espaço está acabando, digo, o tempo se esgotou. O condutor falou bravo.
– Ok. Já vamos. Só mais uma perguntinha básica:
-Como é escolhido o novo alcaide ?
– Por curriculum e por concurso público. Apenas os melhores administradores são escolhidos. Não existem mais partidos políticos. Afinal, deixar as famílias, o comércio e os produtores rurais nas mãos de quem não entende…. é coisa do passado. Antigamente, até para opinar, tinha que se ajoelhar. Com tanta economia, hoje sobra verba para gerenciar toda a cidade, com mais qualidade de vida.
Hospitais, maternidade, creches, universidades, empregos, segurança, moradias, água, energia… nada mais falta. Todos unidos, fizemos melhor que partidos e divididos!
Subi novamente na charrete, a égua deu uma piscada para mim…. deu um baita pum….
– Uloko, esse pum fedeu ! Pudera, voltei.

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