Sempre tive uma tendência ao monasticismo. (Lutero, o reformador, era monge.) Não me tornei monge, mas gosto de viver, como se fosse, na minha clausura particular. Não a chamo de claustro, porém de capela, onde tenho os meus livros, oro, medito, faço as minhas homílias e crônicas. Como é bom viver com Deus e meditar na sua Palavra.
Sabe-se que antes de Constantino, o Imperador romano, conceder benefícios aos cristãos, já havia pessoas que se sentiam chamadas para um estilo de vida diferente. Depois das perseguições, a igreja cresceu, isto é, inchou. Foi no ano 313 d.C., pelo édito de Milão, que o Imperador Constantino Magno deu liberdade ao cristianismo. Antes os cristãos sobreviveram nas catacumbas, agora passou a viver na superfície da terra. Alguém já disse e, com razão, que o Imperador romano concedeu aos cristãos três presentes gregos: armas, política e dinheiro: armas para matar seus inimigos; política para enganar os amigos; dinheiro para comprar e vender consciências. Há historiadores que afirmam que “dentro de um século surgiram algumas dezenas de cristianismos, cada um dos quais afirmavam ser a verdadeira e única mensageira de Cristo”. Multidões de pagãos entraram para a igreja e assim entrou o secularismo, a atitude pagã, a idolatria e comportamentos ilícitos para os discípulos sinceros de Cristo.
Diante desse sincretismo religioso, surgiram os pais do deserto e os mais famosos foram Antão e Paulo de Tebas. A Igreja estatal, como tem um conceito de santo diferente dos reformados, denomina-os de Santo Antão e São Paulo de Tebas. Eles tiveram as suas biografias escritas por Jerônimo e Atanásio. Antão, por volta de 270 d.C. se desfez dos seus bens, repartindo-os aos pobres, após ouvir o texto bíblico que relata o encontro de Cristo com o jovem rico. Presume-se que viveu até o ano 356 d.C. Paulo de Tebas deixou o mundo e foi para o deserto. Viveu num esconderijo e ali se alimentava de tâmaras. Vivia estudando a Bíblia, orando e quase não recebia visitas.
Eram crentes sinceros e desejavam servir ao Senhor, ocultando-se do mundo, de suas tentações, imoralidades e hipocrisia.
Jesus, no entanto, ensinou que os cristãos são sal da terra e a luz do mundo. O sal tem duas finalidades principais: dar sabor e conservar. A luz, também, tem duas finalidades: iluminar e atrair. Iluminar para que o homem entenda, através do estudo da Palavra de Deus, que é a única regra de fé e prática do cristão. A luz deve atrair os que se encontram nas trevas do pecado para a gloriosa luz do Evangelho que conduz ao reino do Céu.
Devemos fazer boas obras e elas devem ser vistas para que os homens glorifiquem a Deus. É bom viver no claustro, meditando e orando, porém, é melhor viver com Deus, no mundo, atraindo os homens que estão seguindo o seu curso natural, seguindo a inclinação da carne e fazendo a vontade da carne e dos pensamentos. (O curso natural é o inferno e não o céu.) Só é salvo quem crê em Jesus Cristo como seu único e suficiente salvador. Crer quer dizer confiar, confessar e viver os ensinamentos de Cristo.
