Quando eu falei que ele não havia deixado saudade, Arlindo, meu colega de infância, indagou: – Saudade ou saudades?
– Tanto faz, como tanto fez, respondi, levantando os ombros, com certo muxoxo. Ele entendeu o meu desagrado. Depois expliquei: – A minha professorinha Eunice dizia, na minha infância, que deveria usar a palavra saudade sempre no singular. Afirmava ela que não era correto a formação do plural de substantivos que exprimissem noções abstratas, como saudade, ciúme, tristeza, raiva, visto não serem noções enumeráveis. Tudo isso foi na década de 1950. Tudo passa e tudo se modifica, uma vez que a língua é viva. Hoje se pode usar as duas formas, desde que se obedeça a concordância. Ele riu e tudo ficou por isso mesmo. A minha professorinha era tão bonitinha! Saudades!
O rei Jeorão, filho do monarca Josafá, rei de Judá, quando assumiu o governo, com a idade de trinta e dois anos, mandou matar os seus seis irmãos, como sejam: Azarias, Jeiel, Zacarias, Asarias, Micael e Sefatias. Todos eram príncipes da casa real, descendentes do rei Davi. A Bíblia ordena: Não matarás. (Êxodo 20) Quem tira a vida do próximo, desrespeita o sexto mandamento da lei divina. Os teólogos de Westminster, comentando essa lei do Senhor Deus, ainda assevera que “os pecados proibidos no sexto mandamento são o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso da justiça pública, guerra legítima ou defesa necessária; a raiva pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; a opressão, contenda, espancamento, ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém”, etc. etc.
Jeorão, que era casado com a filha de Acabe, rei de Israel, além de ter matado os seus irmãos, andou nos caminhos dos reis de Israel e fez o que era mau perante o Senhor dos senhores.
Fez tantas coisas más no seu governo que Deus o corrigiu ao usar os edomitas que se rebelaram para se livrar do seu poder. Além disso, diz o cronista do rei, que o Senhor Deus despertou o ânimo dos filisteus e dos arábios contra o rei Jeorão. Os filisteus levaram todos os seus bens, assim como seus filhos e mulheres. Deixaram apenas Jeocaz, o mais moço deles. Há um provérbio popular que diz: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido.” Por fim Deus o feriu com uma doença incurável nas suas entranhas e, com tal enfermidade, veio a falecer. Morreu, segundo a história, dois anos depois de sua enfermidade e com terríveis dores. Com Deus não se brinca, pois o Eterno é amor, todavia é justiça também.
O cronista afirma que ele reinou apenas oito anos em Jerusalém e se foi sem deixar saudades.