Se você quiser sensibilizar um adulto é só perguntar como foram os seus natais. Alguns, responderam rápidos, outros pensarão um pouco e alguns dificultarão a resposta. A festa máxima da Cristandade está muito ligada à infância das pessoas e até confunde com a autoestima delas. Teve natais felizes? Eram fartos? Por fartura entenda-se os presentes ganhos, o almoço natalino, a (aparente) felicidade da família na data, os presépios armados, as árvores natalinas devidamente decorada, a ceia na véspera, a espera do Bom Velhinho (o Papai Noel), as rezas dependendo da religião familiar, à Missa do Galo, na noite do vinte e quatro de dezembro (para as famílias muito católicas).
Para alguns mais, para outros menos e para muitos, nenhuma, tais farturas natalinas dependiam da motivação da célula familiar, principalmente do mundo ocidental. Também econômica. Enfim, se nem todos, alguns destes códigos são comemorados e que marcam favoravelmente ou não a vida infantil. São lembranças que ficarão “guardadas” para sempre no ser humano. O não ganhar um presente nesse dia poderá para uma criança sentir-se desprezada perante sua comunidade com reflexos na vida adulta.
Nos meus cinco, seis, sete anos de idade quando residia na rua Campos Salles, nesta cidade, as casas eram abertas, a vizinhança conhecida e a partir da antevéspera de natal, nós, crianças, morando naquele quarteirão entre a rua José Bonifácio (não, ainda não era o Calçadão) e a rua Júlio Prestes, onde residiam (muitos!) meninos e meninas. E, em grupo, íamos até as residências daquele trecho, ver os presépios (todas as famílias armavam os seus) e árvores de natais (uma tradição norte-americana e europeia que já estava começando a ser enraizada em nossa cultura brasileira). Nestes dias que antecediam o nascimento de Cristo, a gurizada ficava até tarde da noite na rua, com o aval dos pais que colocavam cadeiras em frente de suas casas “para tomar a fresca” de um iniciante Verão e conversavam com os vizinhos (não havia ainda retransmissão de televisão na cidade). Os mais ousados, maiores de idade (oito, nove, dez anos) aventuravam-se em outras quadras da poderosa Campos Salles e seguiam até a Casa Rex no quarteirão próximo a praça “Peixoto Gomide”. Lá os mirins sentiam-se no paraíso.
Era uma loja (enorme) de brinquedos, a maior desta urbe. Eram tantos que os proprietários, por falta de espaço, amarravam com fios alguns deles. Olhando de baixo para cima pareciam que caiam “do céu”. Uma das maiores atrações da mística Casa Rex (de saudosíssima memória) eram os três elétricos (grande novidade no final da década de 1940), alguns movidos a pilha, que corriam nos trilhos e este movimento mexia com o imaginário de todos. Eram tempo em que se deixava os sapatos num canto da casa e na manhã do dia vinte e cinco, juntos deles, apareciam um ou mais presente. Daí naquela manhã todos saiam à rua para mostrarem o que tinham ganhado.
Era uma festa! No início da década de 1950, o cantor Blecaute, da rádio nacional do Rio de Janeiro compôs uma música falando da data cujo inicio era assim: -“Natal, Natal das crianças; Natal da noite de luz; Natal da Estrela Guia; Natal do Menino Jesus”.
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