Nos ribeirões de Itapetininga, o berço remansoso dos nadadores locais

Ainda em pleno foco da mídia, Frederico Werner Kraft * já atingindo idade madura continuou brilhando em piscinas de diversos países do mundo, competindo com “master” em torneios internacionais. Ele é uma das milhares de pessoas que aprenderam a nadar nos ribeirões existentes na cidade e que faziam a felicidade e alegria de crianças, adolescentes, adultos, até aqueles que alcançaram idades provectas.
Domingos, sábados, feriados ou dias semanais, era intensa a movimentação nos ribeirões de Itapetininga, áreas consideradas de lazer e ponto central de reuniões de garotos (ou bandos), que iniciaram as primeiras braçadas nas águas límpidas daqueles locais. Cinemas existiam São Pedro, São José ou ideal (depois Itapetininga), onde aos domingos, crianças frequentavam aquelas salas, principalmente acompanhando as “retumbantes” séries), como Flash Gordon, Tarzan, imperador Ming, Bob Stele, Kein Maynard ou outras de teor emocionante, com suspense e terror. Além desse entretenimento, quase a totalidade da população dirigia-se aos campos de futebol da velha associação, ou então do clube Sorocabana e posteriormente do Dera, torcendo ardorosamente nas partidas que disputavam as equipes contra clubes de outras cidades, competindo em prélios programados pela Federação Paulista de Futebol. No entanto, esses prazeres eram superados pela vontade de nadar, ou melhor iniciar a prática desse esporte: simples, barato e eficiente para a saúde, como costumava apregoar o celebrado Brasilino Rodrigues. Esse ferroviário, um craque também da bola, jogando por equipes, de outras localidades, foi considerado um dos melhores nadadores de Itapetininga, “aprendendo por si mesmo e se aperfeiçoando cada vez mais”. Tanto que – muitos ainda se lembram – defendendo essa terra esteve por numerosas vezes participando do Torneio Bandeirantes, certame muito conceituado em épocas passadas.
Brilhante nadador, cujo início foi no ribeirão do Carrito, após passar pelo ribeirão do Chá e pela cachoeira, onde encontra-se implantado o complexo da Nishimbo do Brasil. Pois foi com Brasilino, um dos pioneiros do ensino da natação – sem nada receber naqueles ribeirões não só Werner, como Rubens, Florisvaldo (Falecido), Nercy, Led, Sebastião (do bar Garcia), Dinamite, Alonso, Geraldo, Dedé, Zélito, João Elói, Carlos José e muitos outros tornaram-se nadadores excepcionais. Em 1951, o clube Venâncio Aires, inaugurou sua piscina e aqueles atletas foram se tornando ainda melhores nadadores.
No ribeirão do Chá, agora desaparecido em razão da implantação da Marginal, Nelo Leitão, Ari codorna, Paulo Mendes, Waldir Paca, Geraldinho pintor, Ourico – um trabalhador em casas de carne – Arlindo, jogador de futebol da AAI, se deliciavam com as águas tranquilas, até que um acidente ocorrido com Toninho Bolinha, fez decrescer o movimento. O local era constantemente visitado pela polícia, tendo à frente o famoso “secreta” Belarmino, uma das figuras mais conhecidas da população.
Durante a blitz efetuada, as peças de roupa dos que lá frequentavam eram levadas para a Delegacia e, posteriormente os pais dos menores eram obrigados a comparecerem na repartição e “admoestados sobre a conduta dos meninos”.
Mesmo assim a frequência sempre continuou animada, como diz Nelo Leitão, e “ali aprendia-se tudo da vida”.
Local também frequentado e mais requintado era a cachoeira, nos lados da Nishimbo, quando jovens, de madrugada, dirigiam-se até o local em ritmo veloz, correndo e alguns deles, como Osmair Meira, o Leão pulando corda em passos dos mais rápidos. Osmair, apelidado de Leão, jogava como ponta direita da Veterana e usava longas barbas. Atleta perfeito, certa ocasião no Torneio Bandeirantes, estava à frente da prova de corrida, e inopinadamente abandonou a pista, seguindo em direção contrária do percurso.
Também no rio que faz divisa da Vila Rio Branco com a Quintino Bocaiúva, Luiz Abreu (atual diretor escolar), junto com Cassia no Villaça, Cezar e Bentico Proença, os Nalessos, e jovens pertencentes à Congregação Mariana, divertiam-se naquele riacho.
Hoje todos os ribeirões secaram diante da inexistência de nascentes e as piscinas proliferaram em todos os cantos da cidade, não havendo mais aquele romantismo de outrora que tanto encantava.

*Frederico Werner Kraft, o Ninho, faleceu dois anos após a publicação desta crônica

(*) crônica publicada no livro “Vivas Memórias – volume 2”

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