Para os saudosistas das décadas de 1940, 1950, 1960 e 1970, o carnaval brasileiro não é mais aquele das saborosas e críticas marchinhas, dos sambas de empolgação, dos confetes e serpentinas, lanças-perfume, dos salões dos clubes. Enfim, mudou. Principalmente no Estado de São Paulo. Nas décadas acima mencionadas, as cidades paulistas tinham uma enorme influência do Rio de Janeiro. Era a terra carioca quem ditava as normas no sentido de como o paulista (e o paulistano) deveria dançar, brincar, divertir-se no folguedo carnavalesco. As músicas vinham das emissoras de rádio de lá. Nestas décadas, a radiofonia da “mui leal e valorosa cidade do Rio de Janeiro” tinha uma força enorme (no caso, a Rádio Nacional com uma enorme penetração no sudeste brasileiro, no interior de São Paulo (Itapetininga inclusive). Nesta época, a televisão ainda engatinhava. Revistas semanais como “O Cruzeiro”, “Manchete”, “Revista do Rádio”, entre outras mostravam quais as fantasias da moda que deveriam ser vestidas. Em cada ano destas décadas surgiam dez a quinze músicas carnavalescas (cariocas evidentemente) de sucesso que deveriam ser cantadas pelos foliões paulistas, mineiros, paranaenses, catarinenses e gaúchos (no Nordeste e Norte do país, as influências eram outras). Mas, era um carnaval brasileiro, diga-se de passagem, sem infiltrações estrangeiras. Aqui em Itapetininga, quase todos que iam aos bailes de Momo sabiam sambar. Hoje, século vinte e um, o carnaval morreu? Não, de jeito nenhum. Mas é outro. Com a volta dos blocos de rua, os folguedos animaram-se. Quem iria imaginar que a cidade de São Paulo, antes denominada “o túmulo do samba” iria comportar em suas avenidas milhões de pessoas que saem fantasiados para o canto e a dança. Que ótimo! Só que para os saudosistas, quando surgem grupos de “rock”, “funk”, “reggae”, “sertanejos universitários” e outras, estrangeiras tudo isso é um pecado mortal. Não tem nada a ver com este nosso país. Para eles, saudosistas, nada a ver.
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