Já faz tempo, muito tempo. Foi na época do Severino. Conto a história: Severino afirmou que “a mulher deve levar adiante a gravidez na condição de depositária, já que ela tem o instinto materno, que é superior a tudo”. Uma deputada, demonstrando um certo preconceito religioso, afirmava: “são os evangélicos (protestante ou crente) e católicos praticantes que encabeçam a carriola pelo veto do aborto”. A parlamentar, no seu artigo, publicado numa revista, dizia: “Ora se deve haver qualquer lei que trate do corpo da mulher que seja no mínimo, elaborada por mulheres. O corpo é nosso, …” e por aí vai. Não cito o resto, pois acho que é pesado demais. Respeito o seu comportamento e só cito o assunto, porque ela afirmou que “o corpo é nosso”. Quanto ao Severino, usando o linguajar poético do Manuel Bandeira, está dormindo, está deitado, dormindo profundamente. Quanto à escritora, que é jornalista, continua escrevendo e eu, particularmente, gosto de ler as suas obras, embora os seus assuntos sejam polêmicos. Eu respeito as suas ideias como bom protestante.
Agora, eu pergunto e respondo, com todo respeito que todos merecem: Será que o corpo é nosso e podemos fazer dele o que quisermos? Houve um tempo que eu era polemista ferrenho, mas a idade arrefece o ânimo. O idoso não aceita certas coisas, porém se acomoda diante do errado, deixando que o justo Juiz aja no dia do julgamento final. A minha crônica não tem por objetivo polemizar, todavia, ensinar Teologia. Moisés, o cronista da criação, afirma que, no sexto dia, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança e domine sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus” e por aí vai. Assevera o cronista, ainda, que o Criador formou da terra o homem e soprou nas suas narinas o fôlego da vida e o homem foi feito alma vivente”. O ser humano, portanto, possui dois elementos: corpo e alma. Cristo confirmou tal fato, quando disse aos seus discípulos: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. (Mat. 10:28). São Paulo, escrevendo para os cristãos de Corinto, exortou: “Glorificai a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”. I Cor. 6:20). Alma e espírito são vocábulos sinônimos.
Se o corpo não é nosso, no caso dos cristãos, não temos o direito de tirar a nossa vida. Quem dá cabo à vida, comete um tríplice crime, de acordo com a Moral: Comete um crime contra Deus, pois o Eterno é o doador da vida. Comete um crime contra si mesmo, uma vez que se priva do maior bem que é a vida. Comete um crime contra a sociedade, visto que priva a sociedade de um de seus membros. Todos nós somos importantes para a vida em sociedade.
Não temos o direito de prejudicar o nosso corpo. Temos, sim, o direito de cuidar dele. Não há, na Bíblia, um versículo que nos proíba beber pinga, mas a Palavra de Deus diz: “O vinho é escarnecedor e a bebida forte alvoroçadora; e todos aqueles que neles errar nunca será sábio”. São Paulo exorta: “Não embriagueis…” (Ef. 5:18)
O corpo é nosso, enquanto temos, e, nesse período, temos que cuidar dele, pois somos apenas um administrador de um bem divino. Valorize os médicos, enfermeiros e a ciência. Tome os remédios e as vacinas no tempo certo e na época certa. Lucas, o médico, que era evangelista, era amado por São Paulo. Glorifique a Deus…
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