Há 70 anos atrás tivemos como inimigos: Máspoli; Matias Gonzáles e Texera; Gambeta, Obdulio Varela e Rodriguez Andrade; Giggia, Perez, Miguez, Schiafino e Moran. O Brasil com Barbosa, Augusto e Juvenal, Bawer, Danilo e Bigode, Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.
Era o final da Copa do Mundo, No dia 16 de julho de 1950, onde o Brasil e Uruguai disputaram a final. Em campo cantados os hinos, a voz do prefeito encheu os alto-falantes. “Voz jogadores, que há menos de poucas horas serão aclamados campeões do mundo por milhões de compatriotas, vós que superais quaisquer competidores, vós que eu saúde como vencedores” …. Palmas, uivos, ranger dos dentes e aquele rumor único, inconfundível dos estádios antes das grandes decisões. Mr. Reader chamou os dois capitães para a escolha do campo. Deu o peteleco na moedinha com a cara do Dutra, o presidente do Brasil.
Maracanã, em Tupi-Guarani, é um pássaro cor de abóbora que imita o som do chocalho. Um estádio, até então, considerado o maior do mundo.
No jogo da estreia de nossa seleção, a “vítima” foi o México. Cinco mil pombos foram libertados e quando baixou a fumaça dos morteiros, lá vieram os astecas tremendo de medo, 4 X 0. Depois de um empate com a Suíça, 2 X 2, voltamos ao Maracanã, demos na Iugoslávia de 2 X 0. Enfiamos na Suécia 7 a 1. A Espanha se fez de besta, não se trancafiou, encaçapamos 6 a 1.
Faltava o Uruguai, ia ser estraçalhado. O próprio técnico deles, antes da batalha, agradeceu aos jogadores: “Vocês foram ótimos até aqui, pensem na glória da Pátria, só peço que evitem a goleada, se as pernas não resistirem ao baile, pensem em Artigas, O Libertador. Isso é tudo rapazes.
Duzentas e vinte mil pessoas numa tarde banhada de cintilante sol, muitos dormiram de véspera nos portões monumentais e na hora da correria não entraram. Vários jornais anteciparam a manchete “Brasil, Campeão do Mundo!
Sessenta milhões de brasileiros contemplavam na tarde azul de 16 de julho de 1950, o pássaro chamado Maracanã.
Formadas as equipes Mr. Reader trilhou o apito, aí foi silêncio.
Cadê os rushes do Queixada? Cadê as fintas de mestra Ziza? As bombas de Jajá, as largas esticadas do príncipe Danilo, os passos de ganso do divino Bawer. O que se via era um Uruguai em cima de nós. Nossos homens pareciam colados com visgo ao chão. Obdulio Varela deu um safanão em nosso lateral esquerdo. 30 minutos do primeiro tempo: nada. Quarenta, quarenta e cinco.
No intervalo a massa começou a explodir, esparramando-se pelos corredores do monstro. O empate nos dava o título. Não ia ter goleada; o Uruguai não era a Espanha: paciência. Mal começou o segundo tempo, contudo nosso ponta direita meteu um. O Brasil gritou gooooolllll! Agora é Giggia que avança. Bigode vai recuando, recuando. Giggia chega no corner, atrasa para Schiafino, que pega no meio do voleio, Barbosa pula atrasado para desgraça. O Uruguai empata.
Outra bola; Giggia descobre o mapa da mina. Bigode passara anos dando carrinhos, chegava a ensaiar em casa, na frente do espelho. Naquele gringo não deu um carrinho sequer. Giggia faz que dá de novo para o maldito Schiafino. Mas chuta, enfia. A bola ia para fora, mas Barbosa como uma bomba a explodir, botou-a para dentro do gol. Obdulio pinçava a própria camisa e mostrava ao Brasil: “Es la Celeste, Es la celeste!”.
Este jogo foi assistido hpa setenta aos no Maracanã pelos itapetininganos, Oswaldo Piedade, Mário Ferreira, Camilo Badin e Jacinto Moura.