O homem, como disse alguém, nasceu para morrer. Ninguém, todavia, deseja expirar. A razão para tal comportamento está esclarecido no livro dos judeus. Salomão, o terceiro rei de Israel, considerado o homem mais sábio, disse: “Deus pôs a eternidade no coração do homem.” Eclesiastes 3:11) O homem sabe que os seus dias são poucos, mas vive, trabalha e sonha, como se fosse viver eternamente neste mundo.
Logo que me aposentei como professor e jubilado como sacerdote, resolvi sair da cidade dos paulistanos e ir para uma cidade paulista. Não sabia se ia para o litoral ou para o interior. Já tinha vivido longe do centro urbano, porém o mar me encantava com os seus mistérios, as suas ondas e a sua maré. Como era bom andar no calçadão da Praia Grande ou juntinho ao mar, chutando as águas que vinham beijar os meus pés
Como era bom andar nas ruas estreitas, cumprimentando os velhos amigos de outrora, respirando o ar puro, conversando com um ou com outro, no Largo dos Amores, na Avenida, que é uma praça, sendo olhado pela Escola onde lecionei pela primeira vez. Fiquei numa encruzilhada. Não sabia se ia para a direita ou para a esquerda. A esquerda foi sempre para mim um símbolo de má sorte. Jesus já havia dito que aqueles que “não tinham visto Cristo no mundo, porque não viam no próximo a imagem de Deus”, iriam ouvir estas palavras de condenação: “Apartai-vos de mim malditos para o fogo eterno….” (Mat. 25:41)
Resolvi ir para o lado oposto àquele em que o coração fica, voltando, pois assim já vivera na minha juventude, do lado do coração. Voltei para Itapetininga, mas estava tão mudada! Crescera e muitos amigos já tinham viajado para Jerusalém Celestial, todavia eram lembrados nas ruas, nas pontes e nos viadutos. Os jovens do meu tempo se tornaram velhos e os meus discípulos, aos meus olhos, tornaram-se mais velhos do que eu. Muitos me reconheceram nas ruas estreitas e vieram me cumprimentar, porém se alguns conservavam alguns traços da adolescência e eram reconhecidos por mim, eu já não sabia mais os seus nomes. Para não demonstrar tal esquecimento, eu, cumprimentando-os, dizia: Só me esqueci do seu nome completo. O estudante do passado, rindo de satisfação, sem notar a minha dissimulação, citava o nome inteiro com o sobrenome e até o apelido. Que alegria ser reconhecido!
Mas a felicidade não foi completa, pois, alguns meses depois, sofri um enfarto no Largo dos Amores, bem no dia dos namorados. (2009) Fui levado às pressas para o hospital e se não fosse a iluminação de Deus e o bom clinico que me atendeu eu teria morrido. O meu mundo caiu. Já não podia fazer mais o que fazia, mas graças a Deus as portas de uma repartição pública foram abertas e usando as mãos escrevo cartas semanalmente para os meus amigos que as colecionam para que no futuro possam se lembrar de mim.
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