Semana retrasada o compositor Francisco Buarque de Holanda recebeu das mãos do presidente Luís Inácio Lula da Silva e do presidente de Portugal o cobiçado Prêmio Camões numa solenidade pomposa e emocionante. Como vocês sabem, este Prêmio leva o nome de Luís de Camões, considerado até hoje um dos maiores poetas da língua portuguesa de todos os tempos. E olhem que Camões escreveu “Os Lusíadas”, seus versos mais célebres, no início da chamada Idade Moderna do mundo ocidental (1500). E dizem que Luís de Camões era um simples marinheiro da esquadra naval capitaneada por Vasco da Gama, aquele mesmo que contornou o Estreito para descobrir um novo caminho para as Índias.
E 523 anos depois, um brasileiro, Chico Buarque, recebe um valioso prêmio tanto no conteúdo intelectual como no conteúdo material, pois são muitos (e muitos) os euros que Chico receberá. O artista brasileiro foi escolhido pelas suas qualidades de compositor de música popular brasileira (são tantas as suas criações que é impossível enumerá-las neste artigo), dramaturgo, escritor (como “Fazenda Modelo”, uma crítica não velada a ditadura militar [e também, cívica] brasileira [1964 – 1985]).
O prêmio de Camões foi dado em 2019, mas Francisco Buarque recebeu só agora pois era necessária a assinatura dos dois presidentes: do Brasil e de Portugal. É quase lógico que o artista multimídia não recebeu naquele ano pois faltou, de propósito, a assinatura do então mandatário do Brasil (vocês sabem quem é) por motivos claramente ideológicos. Camões deveria ser comunista para que seu nome impedisse a entrega. Talvez o culpado fosse o premiado. Mas quatro anos depois a láurea foi entregue com galhardia. O laureado declarou depois as dezenas de repórteres que cobriam o evento, que até foi bom a demora pois impediu que “mãos sujas” tocassem no troféu. Foi bom.
O último lançamento literário de Chico não foi avaliado pela comissão julgadora pois é de 2021. Trata-se de um livro de contos denominado “Anos de Chumbo”, editora Companhia das Letras, com oito (deliciosos) contos, como o do próprio título do livro e “Para Clarice Lispector”, “Com Candura”, entre outros seis. Chico Buarque examina a realidade brasileira com todos os detalhes que um ficcionista deve fazê-lo. Hoje ele é um dos grandes prosadores brasileiros, mas o que ele gosta mesmo é de ser considerado como um compositor popular brasileiro.
No próximo dezenove de junho ele completa setenta e nove anos de idade. E continua na ativa. Seu último “show” foi visto por milhares e milhares de simpatizantes em diversos estados brasileiros. Milhares.
SE FATO É FOTO…
O casal itapetiningano Kleber Ribas e Fernanda Brasil Ribas (empresários) no bar Brahma em Sampa. Um dos bares mais tradicionais de São Paulo e do Brasil que fica no famoso cruzamento da Av Ipiranga e Av São João. Foto – Arquivo Pessoal