Ele estava ainda no auge da carreira quando seu nome foi anunciado como máxima atração no então Cine Olana (depois Cine Itapetininga) na rua Monsenhor Soares, em frente ao Clube Recreativo Itapetiningano. Na época, 1955, não havia ainda a transmissão de imagens aqui em Itapetininga. Portanto, a imagem de artistas só pelas revistas, jornais, e filmes nacionais. Estamos dizendo imagem e não voz. Portanto, a presença de Luiz Gonzaga em “carne e osso” no palco daquele cinema causou o maior “frisson” na cidade. A presença do chamado “rei do baião” foi anunciada um mês antes e o “show” seria em outubro num determinado dia da semana, excluindo sábado e domingo.
Luiz Gonzaga andara por todo o Brasil e tinha presença fixa na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que tinha um poder de circular igual a TV Globo. Ou mais… Os discos do cantador do Nordeste (aqueles redondos de setenta e oito rotações por minuto, de saudosa memória) não saiam das paradas dos mais vendidos. Suas músicas, todos conheciam e cantarolavam. Portanto, uma apresentação imperdível para quem gostasse de música popular brasileira.
Luiz Gonzaga era a voz do Nordeste e cantava os males daqueles Estados que sofriam enormes períodos de seca que impedia (mas, não só, o progresso daqueles locais). E para isso, utilizava o ritmo do baião, uma mistura de vários cantores (e tocados) nordestinos. Mas, muito mais ritmo musicalmente que o xote (uma variante) como o baião é entendido hoje. Algumas composições de Gonzaga recebiam orquestrações memoráveis, principalmente pelo maestro Radamés Gnattali.
Na época (1955) eu tinha 14 anos de idade, já admirador do “rei do baião” não poderia perder o “show” de Gonzaga. Já em setembro, comecei a economizar as mesadas recebidas pelos meus pais. Durante este tempo, deixei de ir aos cinemas e perdi grandes filmes. Mas ver Luiz Gonzaga valia a pena.
O maior problema é que a apresentação seria num dia de semana e teria prova de história no dia seguinte. Estava na 7ª série do curso ginasial (hoje: oitava série do ensino fundamental) e a professora, “dona” Gina não tinha dó, marcou dezenas de páginas de caderno. A “Peixoto Gomide” era (terrivelmente) exigente. Só sei que comecei a estudar um mês antes. Era quase inconcebível sair a noite, num dia que não fosse sábado e domingo. Estudei tanto que fiquei até craque no episódio da Revolução Francesa e os percalços encontrados do rei Luís e Maria Antonieta na França. Mas, valeu a pena.
Luiz Gonzaga foi aplaudidíssimo, a plateia estava lotada e foi comovente ouvi-lo tocar e cantar “Asa Branca”, considerada uma das três maiores composições da música popular brasileira.
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