Meu caro amigo José Pires Germano espantou-se quando escrevi, há algum tempo, sobre o atropelamento e trágica morte de um pobre e indefeso Siriri. Meu ideal sempre foi escrever, com carinho, sobre as várias espécies de passarinhos. Não com o talento e fineza de um Ruben Braga, mestre da crônica e um dos maiores escritores brasileiros sobre todos os assuntos.
Talvez, porque minha casa paterna, sempre aberta a todos, sem qualquer discriminação, nunca foi habitada por canários da terra, chupins, periquitos, papagaios, rouxinóis, pintassilgos e outros assemelhados. Sempre consideramos essas simpáticas aves de grande importância para o homem e principalmente para a natureza. Lembremos então dos extremamente apaixonados por essas gárrulas avezistas, tais como o professor Clóvis Soares, o geólogo Michel Aboarrage, a ilustre família Anunciato , o saudoso agrônomo Ralph Soares Melges de Andrade , o técnico eletrônico Ademar Marinho e outros “admiradores de pássaros”. Amantes inveterados e criadores dessa esplendorosa fauna e qualidade de pássaros, conhecendo minúcias do assunto. “Todos delicados, de caráter meigo, ditosos e familiares, paixão de qualquer ser humano”.
Nesta última semana, cena quase chocante e digna de toda pena foi observada – e ninguém deixou de lamentar e deixar de ajudar – a presença de um Siriri (outro), adentrando uma das portas do Mercadão, em passinhos lentos e quase impossibilitado de caminhar. Suas duas fragilizadas perninhas encontravam-se enrodilhadas em tênue barbante, atravessados por um palito. Locomovia-se com “imensa dificuldade e seu sofrimento denotava intensa dor”, segundo depoimento de Luiz Proença, proprietário de um Box e Banca de Jornal, naquele logradouro público.
A comoção foi geral entre os freqüentadores da “Lanchonete do Klebinho, das lojas de confecções da Márcia Bicudo, Thiago e Maria Aparecida Goes, da 66, de propriedade da Dona Eza e das lojas Capricho, da Nega e Cláudio Uriel, além das outras pessoas que lá se encontravam. Passageiros aguardando ônibus no Terminal do Correio se agitaram, comentaram e se emocionaram profundamente.
Em uníssono procuravam apanhar (até com redes) o sensível Siriri para que fosse enviado rapidamente a um veterinário e devidamente assistido. D. Maria, a proprietária da lanchonete “Klebinho” esclareceu que o Siriri, há três meses encontra-se nessa angustiante situação e seu andar manquitolado entristecia a todos que o viram.
“Procuramos capturá-lo, mas, apesar de seu andar coxo, ainda não conseguimos”, declarou, aborrecido, o comerciante Thiago, que se sensibiliza com o estado do Siriri. A avezinha quando se alça aos céus, sente inteira dificuldades em empreender vôo pleno, agitando-se desesperadamente para seguir seu trajeto.
Os espectadores que atentamente observam o sofrimento do Siriri, esperam apanhá-lo para colocar fim em seu tormento. Enquanto isso não ocorre, não ouviremos mais seu suave canto e nem veremos seu vulto gentil dando graciosos pulinhos, além de não sabermos como está sendo sua atribulada vida.
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