O tempo passa rapidamente

O príncipe dos poetas parnasianos escreveu um soneto, referindo-se ao tempo que passa. No final, último terceto, como se fosse um religioso, exorta, na chave de ouro: “ Trabalhai, porque a vida é pequena, E não há para o tempo demoras! Não gasteis os momentos sem pena! Não façais pouco caso das horas! ” Num outro contexto, Paulo, desbravador do cristianismo, quando escreveu a sua carta aos efésios, advertiu: “Vede, prudentemente, como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus”.
O tempo foi criado por Deus. Moisés, o cronista da criação, afirma que o Pai celeste, no terceiro dia, criou os luzeiros no firmamento dos céus para fazerem separação entre o dia e a noite e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos”. É por isso que há povos que contam o tempo usando a Lua e outros o Sol. Com o Sol e a Lua surgiram as estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Com o Sol surgiu o relógio de Sol, a ampulheta e o relógio propriamente dito. Deus concedeu inteligência ao homem e, com a sua obra criadora, incentivou as descobertas e invenções.
O tempo foi criado pelo Eterno e com o Eterno, uma vez que ele é eterno no sentido absoluto da palavra. Foi por isso que Moisés, o libertador do povo de Israel, inicia o seu livro de Gênesis, dizendo: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Princípio para nós, porque Deus é eterno. Tudo passa rapidamente para nós, embora possuamos um elemento que provém de Deus e é eterno, que é a nossa alma. Na sua oração, Moisés, inspirado pelo Criador, disse: -“Acabam-se os nossos dias como um conto ligeiro”
Salomão, o terceiro rei de Israel, discorrendo sobre o tempo fugaz, disse: “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz”.
O ser humano passa por várias fases de tempo e até do tempo de amar fogosamente e depois vem a desilusão, a tristeza e a morte, porque tudo passa nesta vida rapidamente. O rei sábio adverte: “Alegra-te na juventude, recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos, sabe, porém, que de todas estas coisas, Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidades”.
Para a vida eterna o escritor sacro admoesta: vigiai, pois, porque não sabeis o dia e a hora que o Filho do Homem, Jesus, há de voltar. No Credo apostólico, que é recitado na igreja, diz: “Creio em Jesus Cristo que há de vir para julgar os vivos e os mortos”.