OCIOSIDADE ESTIMULADA

No Brasil, é enorme a quantidade de pessoas, principalmente jovens, que não trabalham nem estudam.
Somados os que não praticam atividades físicas, torna-se cada vez mais atraente a noção de que somos um país de vagabundos. Por aqui, a ociosidade, catastrófica, ainda é vista como status.
É comum, quando estamos cuidando do jardim, entregadores perguntarem se o patrão está presente. Estivéssemos no terraço, bebericando um vinho importado e lendo colunas sociais, mereceríamos maior respeito.
Sem frequentar escolas, sem trabalhar e sem exercer qualquer atividade física, resta a nossos jovens a tradicional vadiagem, não raro geradora de atividades pouco sociais, como o vandalismo, iniciação ao crime, perambulações destrutivas e outras, menos cotadas. O descompromisso, aparente regalia, é na verdade constrangedor.
A falta de colaboração é iniciada no próprio meio familiar, onde só a mãe costuma lavar copos, coletar sapatos e toalhas molhadas, disponibilizar papel higiênico e varrer a casa. Comensais masculinos, quando laboriosos, chegam a tratar dos cachorros, manter limpos os veículos, cuidar do estoque de cervejas e dirigir churrasqueiras.
Vivesse hoje, José, pai de Jesus, seria incomodado pelo fato de permitir a ajuda do filho, na carpintaria. O castigo imposto a Adão e Eva foi a necessidade de trabalhar, para sobreviver.
A vadiagem, erroneamente sentenciada como produto da preguiça, integra o rol de consequências de nossos históricos conceitos de que o trabalho é um ônus da pobreza, atividade antagônica ao lazer e satisfação pessoal. Governantes pouco estruturaram praças esportivas, atividades culturais, escolares e profissionalizantes, como se a ociosidade, enquanto pacata e submissa, não constituisse problema social.
Nosso sistema prisional dedica-se à castração da liberdade de ir e vir, e é praticamente impossível a ressocialização, após período de absoluta ociosidade, em más companhias. A pena do ócio é cruel, e não figura nas sentenças de condenação penal.
A ociosidade massacra milhões de idosos, ainda úteis e potencialmente produtivos. A sociedade ainda tem a noção de que a terceira idade é, tão sómente, a ante-sala da morte.
A atividade produtiva e a instrução integram a dignidade humana, e não é justo que a sociedade conviva com tantos ociosos, sem horizontes e estímulos, para, ao fim da linha, acusá-los de vagabundos e anti-sociais.
A julgarmos pela parcela da população que efetivamente produz, somos recordistas em eficiência. A julgarmos pela parcela do rendimento do trabalho que é surrupiado pela corrupção e outros descaminhos oficiais, somos milagrosos.
Somos, cada vez mais, um país ridículo. Trabalhadores que perdem ambas as pernas são tidos como ainda capazes de vender bilhetes de loteria. Outros, pela perda de um dedinho, do pé ou mão, acabam aposentados.

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