O ano da inauguração foi 1952 e daí a rua Monsenhor Soares, esquina com José Bonifácio (hoje: Calçadão) viu-se diante de um novo cinema, no local onde tinha funcionado muito tempo atrás o Cine Ideal. A empresa já possuía um outro na rua Venâncio Ayres, o Cine São José (hoje: Banco do Brasil).
Outro, da mesma empresa, seria inaugurado em 1955, o Aparecida do Sul (que depois transformou-se na fábrica de roupas Magister) cuja inauguração foi com a introdução na cidade, de uma tela (bem maior) e som barulhento, um processo chamado Cinemascope e um filme apresentado era sobre um tempo de Cristo denominado “O Manto Sagrado”, e que ficou quinze dias em cartaz, um tempo enorme para uma cidade como Itapetininga, na época.
Mas o Cine Olana (depois Cine Itapetininga) na rua Monsenhor Soares era a principal atração, situado no coração da cidade, em frente ao Clube Recreativo Itapetiningano (ex-Operario), próximo ao largo dos amores e clube Venâncio Ayres. Era o cinema preferido dos adolescentes. Para o jovem itapetiningano ser visto e ficar conhecido, teria que frequenta-lo. A primeira sessão, aos domingos, que começava pontualmente às sete e quinze da noite era o máximo, era o “frisson”. As senhoras da sociedade vestiam roupa especial para a ocasião, os homens caprichavam nos ternos e gravatas, as mocinhas suspiravam ao entrarem na sala cinematográfica e perguntavam: – “Será que ele (o flerte) veio? Será que está guardando um lugar para mim? E se estiver com outra?”.
Elas, as mocinhas, com seus melhores vestidos e eles, os rapazes, com suas primeiras roupas “de gala” adentravam o espaço prontos para sentir um mundo novo e muitas emoções. E quando as luzes se apagavam na plateia, surgiam na tela, principalmente, os belos rostos femininos e masculinos de Hollywood. Ah! Quanta ilusão… Estamos mencionando fatos da década de 1950 e como na época não havia transmissão de televisão nessa cidade (não haviam ainda receptores de sinais) o mundo delirante estava nos filmes, nos cinemas como o Olana.
Como os canais de televisão não “pegavam” aqui em Itapetininga, ainda também não havia a TV Globo e suas novelas, assim como a popularidade dos seus artistas. Daí a primazia dos artistas americanos. O cinema brasileiro tinha popularidade quando os filmes eram carnavalescos, graças aos artistas de rádio e os cômicos como Oscarito e Grande Otelo. Também Mazzaropi e seu sotaque interior-paulista. Só. Os chamados filmes sérios nacionais, já não. Com o tempo surge os franceses e italianos. Mas, na década de 1950, quem dominava eram os americanos. Os artistas norte-americanos eram quem ditavam as modas e ninguém ficava imune a beleza de uma Elizabeth Taylor ou a virilidade de um John Wayne (o eterno “cowboy”). Ah! O Cine Olana marcou tantas gerações itapetininganas, tantas. Eram um cinema com uma identidade, o “jeito de ser” da cidade. O filme poderia não ser bom mais quase ninguém deixava de ir lá. Era um ritual.
The End.
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