Ele, por certo, não foi um astro de primeira grandeza, mas afirma-se convictamente que os astros não morrem. Os astros mortos continuam fulgurando por muito tempo. Conhecido em toda a cidade, naquele tempo, ele, em silencio, andava pelas ruas nas horas em que não estava em seu salão de barbeiro na Aristides Lobo.
Enigmático, estouvado e destrambelhado, considerado um estranho ser, Paulo praticava inconcebíveis diálogos fora da realidade. Várias são as histórias em que se envolveu, “as mais estranhas e esdrúxulas”.
Uma das que protagonizou se passou na parte central de Itapetininga, ocasião em que foi a um dentista com consultório na Saldanha Marinho, próximo à José Bonifácio.
Após os cumprimentos e a razão de sua presença, o dentista – profissional muito conhecido – disse: – Abra a boca. – Com todo o gosto, respondeu Paulo. –E devo fechar os olhos, ou não? continuou. – Como quiser, respondeu o dentista, para mim é indiferente. – Muito bem, se fechar apenas um o sr não se zanga? perguntou Paulo.
-Por mim…, respondeu o dentista, feche só um se assim o entender
-E qual devo fechar, perguntou Paulo. – O direito ou esquerdo? – Espere, talvez seja melhor fazer assim: fechar primeiro o direito e depois o esquerdo, que lhe parece?
– Para mim é suficiente que o sr abra a boca, resmungou o dentista que começava a perder a paciência.
-Mas eu não tenho dificuldade nenhuma em abrir a boca, observou Paulo. – Se o sr deseja que eu a abra, é desnecessário tanta complicação. Vim consulta-lo, justamente para fazer aquilo que o sr entendesse, por conseguinte, deve pedir-me seja o que for sem receio. Tanto é assim que lhe perguntei se queria que fechasse os olhos. E se quiser, fecho-os. Repare!
Paulo fechou os olhos, depois abriu e olhou sorrateiro para o dentista.
-Viu? Faço tudo o que o sr desejar. Julga que eu ponho dificuldade em levantar uma perna se o sr desejar? Nem por sombra?
– Levante-as imediatamente. Ordenou o dentista.
Paulo levantou uma perna.
-Irra! berrou o dentista, perdendo enfim a paciência e atirando os instrumentos no chão. Por quem me toma o senhor, por um cretino? Vá-se embora.
Paulo levantou-se. – Não compreendo, balbuciou aborrecido, venho aqui para que me cure um dente e faço tudo o que sr deseja; abro a boca. Fecho os olhos, levanto a perna e no fim põe-se a berrar dessa maneira! Estou até disposto a lavar a cara, tirar o paletó, a cortar o cabelo e coçar o joelho! Que mais quer? Irra, digo eu, que raio de dentista! Nada, nada, vou procurar outro profissional. E o intrigante Paulo pegou o chapéu e saiu resmungando
Só não sabemos se foi então a outros dentistas da cidade, como os competentes Francisco Fabiano Alves, Dr Fortes, Oswaldo Weis, Zilda Calux, Mauro Levi, Eli Trench, Bento de Lara, Nachara, Floriano Villaça e outros daquela saudosa quadra da vida.
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