Não faz muito tempo, sentado tranquilamente em conhecido e movimentado bar da cidade, um freguês, sem qualquer constrangimento, pediu uma garrafa de Tubaína. Saboreando, bem gelada e suspirando feliz, acrescentou a todos que se encontravam no estabelecimento: “essa é uma bebida que tem muita relação com a memória afetiva das pessoas”. E ele tinha toda razão. Principalmente quando se viveu na época em que essa marca regional e nacional de refrigerante teve como fortes concorrentes, a Coca-Cola, Guaraná, Pepsi-Cola e outras que lideravam todo mercado deste setor no Brasil.
Um refrigerante, rotulado simplesmente sem qualquer firula, ligeiramente adocicado e consumido por toda população itapetiningana e, notadamente, na zona rural em grande quantidade, em razão de seu “acessível preço a todos os bolsos”, segundo o comerciante Zécaborba Soares Hungria, que sempre tinha em suas prateleiras várias marcas do produto.
Famosa, deixou de ser produzida no município, onde reinou soberana em todas as mesas e vendida nos diversos estabelecimentos como bares, armazéns, botecos e até “em casas suspeitas”. Constituía-se na bebida favorita, enfim, de todas as classes sociais. Ela, sem dúvida, notabilizou a cidade.
Com efeito, em décadas remotas, existiam algumas fábricas que produziam a Tubaína. Dentre elas, a “Destilaria Oceania Indústria e Comércio de Bebidas”, fundada pelo italiano Domingos Dacunto, depois adquirida por Fortunato Mazzei e, por derradeiro sob a direção de Benedito Tambelli, de tradicional família desta localidade. Pode-se afirmar que foi ele o primeiro a fabricar a Tubaína, com grande aceitação em toda região e parte do Estado de São Paulo. Situada na Rua Lopes de Oliveira, onde hoje funciona a Gráfica Regional, Benedito Tambelli, com o aparecimento da Coca-Cola, idealizou uma garrafa transparente, em alto relevo, semelhante àquele produto e desenvolveu um refrigerante de cor escura e de sabor similar, a “Itapêcola”, sucesso garantido naqueles tempos. Igualmente, destacavam-se no ramo os Irmãos Ruzza, firma estabelecida na Rua Cel. Afonso, cujo prédio atualmente encontra-se desativado, e o produto “Itabaina”, desapareceu sem que os proprietários tenham transferido a “receita para outro”. Vários empresários tentaram também lançar produtos semelhantes, mas a tentativa “foi em vão”; os Srs. Jairo e Sebastião, com fábricas situadas respectivamente na Rua Padre Albuquerque e no bairro do Mato Seco, proximidades do “Peixoto”, não concretizaram a realidade.
Conta Francisco Tambelli Neto, hoje aposentado do antigo Banco do Estado, que o propagador da firma de seu pai Benedito, era o poeta e compositor sertanejo Nhô Bentico. E na PRD-9, a antiga Difusora, em seu programa matinal “Manhãs de Minha Terra”, declamava seus versos: “Inté o mestre sapatero, que vive lambendo sola, no momento de calor só pedi Itapêcola”, ou “É um tar de Juca Pato vem correndo lá do mato, fazendo um bruta espalhafato, prá tomá Itapêcola, que é gostoso e barato”!
As fábricas desses saborosos produtos ficaram agora somente na lembrança de alguns e “as fórmulas, infelizmente, não foram reveladas a quem quer que seja”, lamentam consumidores da bebida, e que agora “recorrem às marcas de Tubaína, fabricadas em Tatuí, Itu, Sorocaba ou, raramente, as originárias de Ribeirão Preto.
Segundo pesquisadores, a Tubaína tem uma grande relação com a comida italiana, já que começou a ser produzida por famílias de imigrantes da Itália, ainda no final do século 19.
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