No artigo da semana passada “ Confete, Pedacinho Colorido de Saudade” escrevi sobre a minha ligação apaixonada pelo carnaval no período da minha infância. Dando continuidade vou tentar descrever como eram os carnavais sob a minha óptica na minha adolescência e na fase adulta.
Nos meus 14 anos de idade, meus pais já me liberavam (não sei como! rs) para frequentar o salão do Clube Venâncio Ayres nas 4 noites de folia, e íamos também nas 2 matinês para paquerar as meninas, além de curtir a 2 noites dos desfiles de rua. Era uma verdadeira “overdose” carnavalesca, que só me fez bem. A casa da minha saudosa avó Pasquina era praticamente a 1 quadra do Clube, situada na rua Venâncio Ayres, possibilitou esta minha participação precoce das noites carnavalescas.
A minha geração, os meus amigos também frequentavam o carnaval de salão precocemente.
E com eram deliciosas, apaixonantes e inesquecíveis estas 4 noites. O salão do clube ficava lotado de foliões que iam dos 14 aos 80 anos de idade, muitos se fantasiavam, tinha diversos bloquinhos de amigos, confete e serpentina por todos os lados. O diretor do clube na época era o dinâmico Arlindo Calux que junto com a sua esposa Gilda e toda equipe venânciana, decoravam o clube com primor e muito bom gosto desde a fachada inteira iluminada e devidamente devorada até o salão principal. No repertório musical, os sambas enredos faziam imenso sucesso e claro as marchinhas, frevos e o bom sambão não podiam faltar.
Além do Clube Venâncio Ayres, existia carnaval por vários cantos da cidade, Clube Recreativo, Clube 13 de Maio, Danceteria Milionários, Ginásio Mário Carlos Martins faziam bailes animadíssimos.
Os arredores do Largo dos Amores ficavam lotados , eram realmente outros tempos, outros carnavais…
Em 1991 a famosa turma da Padaria São João, Márcio Mello, Lalo Moraes, Carlos Renato Vieira (Renatão), Carlos José Pereira (Carlão), Guilherme Hungria entre outros fundaram o inesquecível Bloco Do Avestruz. O que começou com um pequeno grupo de amigos, uns 30, se tornou um dos maiores blocos do interior paulista. Em 1999 chegou a ter 2.000 foliões, virou referência no carnaval, muitos vinham de outras cidades de SP e até mesmo de outros estados para participar do famoso Avestruz.
Mas tinham outros blocos também que eram “rivais” inclusive, no sentido carnavalesco da palavra, o “Sol da Meia Noite” organizado pelo Fuad Isaac, José Alves, Joe Aranha, e o Bloco do “Peru” organizado pelo Eduardo Mota (Batata) e Fabio Bueno. Os 3 blocos se rivalizavam para disputar o prêmio de melhor bloco de salão.
Havia uma concentração, o famoso esquenta, antes numa casa noturna para depois se organizarem para adentrar ao salão venanciano. O Avestruz entrava aos estampidos de rojões.
Estes anos carnavalescos podem ser descritos como “mágicos”, “encantados” era uma atmosfera uma aura e uma energia carnavalesca contagiante, era tudo muito colorido e lindo. Muitas saudades! Muitas…
Só quem vivenciou tudo aquilo pode sentir e reviver o que descrevo aqui.
Atualmente o genial artista plástico plástico Bebeto Neri luta bravamente para manter esta tradição do carnaval de salão com o excepcional Bloco do Motumbo.
É, meus queridos leitores, o que nos resta neste momento são as lembranças, e elas são imortalizada em nós, e as de carnavais ainda mais. Até a próxima….