É o titulo de um saboroso livro de Ruy Castro, hoje um dos maiores contatores de histórias deste país, pesquisador de “mão cheia”, que o digam suas obras, algumas delas como “Estrela Solitária: um brasileiro chamado Garrincha”; “Nelson Rodriguês, o anjo pornográfico”; “Carmen” – uma biografia de Carmen Miranda, entre tantos outros.
Este, “Saudades do século 20”, lançado em 2002, pela editora Companhia das Letras, mostra a fascinação do autor Ruy Castro (e de milhões de brasileiro) por Hollywood, USA, “a eterna cidade do cinema”, no século citado, quando, segundo Ruy, cada estudio cinematográfico de lá, tinha uma cor, uma marca e até um cheiro como a fumaça de cigarros do ator Humphrey Bogart no filme “cult” “Casablanca” (Warner Bros), continua a provocar momentos de êxtase em alguns espectadores tantas vezes que ele tenha assistindo ao filme.
Assim, Ruy Castro segue contando sobre astros, estrelas, cantores, cantoras, produtores, diretores, roteiristas, cenógrafos, figurinistas, chefões de estudios que marcaram Hollywood e o próprio século 20. Como um Homero Grego, autor das lendas de “A Ilíada” e “A Odisséia”, Castro narra história mais próximas de nós, com seus heróis e gênios que definiram o século passado. Histórias alegres e trágicas, como a da cantora (norte-americana) Billie Holliday, a “voz de cristal” que, na falta de veias sãs para injetar a droga começou a aplicar nos desdos dos pés e na mucosa vaginal. No livro em questão, Ruy Castro seleciona também passagem das vidas de Dóris Day, a atriz e cantora; o cantor e bailarino (e que bailarino) Fred Astaire; o gênio Orson Welles que, aos 26 anos de idade dirigiu o filme “Cidadão Kane”, considerado ainda por muitos, o melhor filme de todos os tempos. Isto, no final da década de 1930. Também Alfred Hitchcock, o cineasta do “suspense”; Frank Sinatra, “a voz”, e sua paixão pela estrela, a belissíma Ava Gardner e também suas ligações (de Sinatra) com a Máfia, e outras histórias de “glamour” e encanto.
Quem, hoje pertence a terceira idade (ou como dizem, a melhor) e frequentava os cinemas das décadas de 1940 até 1950, que era uma das poucas diversões da época (além dos rádios, circos, parques de diversões, bailes e outros poucos mais, principalmente em cidades pequenas e médias), muitas dessas pessoas tinham verdadeiras paixões pelo pessoal da tela. Daí que a industria e filmes norte-americanos tiveram determinadas influencias na vida dos brasileiros, numa época em que não havia a televisão e muito menos a Globo. E certamente não deixam de sentir saudades disso tudo, como acontece com o escritor carioca Ruy Castro.