Sofisma

Sofisma é o nome que se dá para um raciocínio errado, mas se apresenta com aparência de verdade. Lembro-me de uma homília que ouvi, quando o pregador, no auge de sua oratória, ensinando que os mortos podem ser mediadores dos vivos, disse: “Ide a José, irmãos, para que possais ter alimentos, como mandou o filho de Isaque”. Falava o Ministro da igreja sobre José ou são José, pai putativo de Jesus Cristo. Houve, não há dúvida alguma, um equívoco, uma vez que ele tomou uma mesma palavra em sentidos diferentes. José, filho de Jacó e José, esposo da virgem Maria. Explicando melhor: falava sobre José, esposo de Maria, a virgem, mãe de Jesus e, no imperativo, usou a ordem de Jacó, dada aos seus filhos, para que fossem buscar alimentos com José, que estava no Egito.
Na Idade Média, o Nestorianismo ensinava que Jesus não era apenas Deus-homem com duas naturezas: a Divina e a humana. Afirmava que Jesus possuía duas personalidades, sendo que uma nascida humana, através de Maria e a outra divina, nascida de Deus, além de todo o tempo. Para combater tal heresia, um teólogo, defendendo a tese de que Jesus é Deus e homem em duas naturezas perfeitas e distintas e uma só pessoa para sempre, afirmou, na sua eloquência, usando um sofisma que perdura até hoje: Jesus é Deus e Maria é mãe de Jesus, logo Maria é mãe de Deus.
Respeitamos os que pensam assim, agora debater, tendo em vista o esclarecimento da verdade, é bom, como disse alguém, mas o ódio ao próximo é pior do que a doutrina errada. O teólogo, cremos nós, não tencionava ensinar que Maria dera à luz a Deus, pois o seu intento, na época, era enfatizar o ensino bíblico da deidade de Jesus Cristo. Ela, Maria, dera à luz a Jesus e Cristo é o verdadeiro Deus encarnado. O teólogo argumentava contra a cristologia duvidosa dos nestorianos.
Diante de tal sofisma é necessário que se diga “que a noção de “mãe de Deus” envolve ensinos que se chocam frontalmente com os ensinamentos bíblicos”. Por exemplo: Deus é espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição, todo suficiente, eterno, imutável, insondável, onipresente, infinito em poder, sabedoria, santidade, justiça, misericórdia e clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade. Como Deus teria mãe? Outro exemplo: Como um ser mortal como Maria, poderia ter gerado um ser imortal como Deus? Outro exemplo: Se Deus teve mãe, porventura não teria pai e avós? E por aí vai…
Há vários tipos de sofismas, tais como: sofisma de palavras e de ideias. Quando não tem por objetivo enganar, dá-se o nome de paralogismo. Compete ao moralista fazer tal distinção.
(Depois da aula, no Seminário Presbiteriano, eu pedi para que os alunos fizessem um trabalho, usando o livro do Jolivet e discorresse sobre os sofismas de palavras, bem como os sofismas de ideias ou de coisas e como refutar tais sofismas.) É bom recordar!