Texto publicado no Livro Vivas Memórias – volume 2
A pequena e bucólica igrejinha de Santo Antônio, na Vila Aurora, encontra-se próxima a completar um século e, nos bastidores, há comentários de que deverá haver uma festa de arromba. O projeto para a comemoração deste espetáculo religioso tem como uma das organizadoras e das mais entusiastas – Jurema Cortez de Lucena. Ela que retornou à cidade, sua terra natal, há pouco tempo, depois de permanecer por alguns anos trabalhando na capital paulista, encontra-se eufórica pela realização do acontecimento.
A modesta capela, mas aconchegante e com clima alta mente religioso, localiza-se entre as ruas Antônio Anunciato e Wenceslau Bráz tradicional Lagoa Seca. Foi construída no início hibernoso do distante ano de 1911, quando então a área constituía-se, praticamente, de campo e vegetação com poucas habitações.
No imenso descampado, alguns quilometros distantes do centro de Itapetininga, o casal Antônio e Rosa Severino Anunciato, ergueu a capelinha simples e acolhedora. Foi em razão de uma promessa que levou marido e mulher a realizar esta obra, porquanto fugindo de uma revolução interna na Itália, eles com três filhos na época e Rosa grávida embarcaram num navio, tendo o Brasil como destino.
O filho veio à luz em plena viagem, mas em águas brasileiras e, registrado no cartório de Santos, quando aportaram, com o nome de Rafael. Rosa, extremamente devota de Santo António, trazia dos escombros daquela conflagração italiana uma pequena imagem do Santo.
Vem daí a promessa a Ele que “no desconhecido continente onde se fixariam e caso conseguissem educação para os filhos, ergueriam uma capelinha ao seu devoto, como gratidão”.
A pequenina igreja, conforme desejo do casal, serviria também de pernoite para andarilhos e pobres passageiros, que perambulassem com seus dramas, sem destino”.
Naquele longínquo ano, antes da implantação da energia elétrica (cuja empresa foi inaugurada em 1913). Antônio Anunciato trabalhava na Prefeitura, e sua função consistia em acender e apagar os lampiões que iluminavam a cidade. Como pagamento, por sinal, muito irrisório, recebia, para complementar, pequenas glebas de terras, formando desta maneira o antigo bairro da Lagoa hoje conhecida como Vila Aurora, densamente povoada.
Com o passar dos anos à capela, antes de pau- a-pique coberta de sapé, foi-se estruturando, melhorando sensivelmente a construção, tornando-se então a Capela da Família Anunciato, em área pertencente a filha Maria Aparecida Cortez de Lucena Anunciato, caçula do casal de imigrantes.
Em fins da década de 1960, a Capelinha encontrava-se sob risco de demolição uma vez que determinada empresa comercial pretendia naquela área ampliar suas instalações. Houve, inclusive, demanda judicial, acirrados debates, não só de Itapetininga como de toda região.
D’Annunziata
Antiquíssima e ilustre descendência (família) originária do Napolitano, onde com benemerência em Nápoles (Reino de Nápoles) Torre Annunziata, Salerno, Benevento e em outros lugares das quais existem memórias históricas do ano de 1.500.
Antes denominada nuntius e nunciza, passou depois por razões do dialeto para a forma D’Nuzzio e enfim para aquela Annunziata ou Annunziata, que é a atual. Os membros desta descendência (desta casa) se distinguiram em todos os campos de atividade e do saber, tiveram parte importante na historiado Reino de Nápoles e ocuparam cargos importantes na administração da cidade onde viveram, obtendo o máximo esplendor a cavaleiros do século XVI e XVII, obtendo a inscrição como Cives Nobilis (Nobres Cidadãos) (Texto reproduzido do brasão da família).