No primeiro dia de maio, a humanidade festeja o trabalho, parada.
É como se festejássemos o dia do alimento, em jejum. Grande parte dos homens enxerga o trabalho como algo antagônico ao lazer, quase um mal necessário.
Na antiguidade, as elites não incluiam o trabalho dentre as funções nobres a que se dedicavam: caça, mando, guerra ou sacerdócio. O principal atributo das elites, que as faziam invejadas, era o pouco trabalho.
Pobres, ricos e remediados sempre concordaram em um ponto: o trabalho enobrece os outros. Como a humanidade atravessou milênios e acabou sobrevivendo, é justo afirmarmos que muita gente andou trabalhando.
As conturbadas relações de trabalho pontuaram a história humana, e o processo civilizatório fez sucumbir nossa mais funesta fase, da escravidão. Negros e povos vencidos em guerras de conquistas foram, durante séculos, tratados como animais.
Os índios, selvagens mas espertos, cuidaram logo de demonstrar que não se prestavam ao trabalho forçado, e acabaram livres. Dizem as más línguas que a escravidão, apesar das convicções, empenhos e humanismo de valorosos ativistas, acabou em virtude de haver se transformado em um mau negócio.
A duras penas, e muitas cotoveladas, conseguimos sair da jornada de treze horas diárias para outra, de no máximo oito. A formalização do trabalho e o advento de leis que protegem o trabalhador humanizaram o ambiente, e ainda há muito a ser feito, no mister.
Uma série de atividades, como a arte, criação e outras modalidades da virtude humana foram intensamente valorizadas, ultrapassando o carcomido conceito de que trabalhar é carregar pedras e cansar o corpo. A verdade é que o trabalho possibilita nossa sobrevivência e progresso.
Politicamente, as relações entre o capital e o trabalho geraram conturbações no contexto dos povos, e ainda hoje contrapõem pensadores de todo o mundo. A verdade é que o velho sonho de uma vida sem patrões ainda não foi realizado.
Trabalha-se para empresários, parceiros, Estado ou para si próprio. Em alguns regimes, trabalham todos para o Estado, à exceção de dirigentes e membros do partido, não raro único. É tendencia mundial a humanização de todos os regimes.
Há uma generalizada confusão entre trabalho, emprego e serviço. A maioria prefere trabalhar em emprego que envolva pouco serviço.
A automação do trabalho diminui o número de empregos, mas melhora o salário e o ambiente das vagas que restam. A educação e a profissionalização são cada vez mais exigidas e valorizadas, constituindo sua falta a principal limitação ao desenvolvimento e progresso de muitos povos.
O trabalho é, a um só tempo, direito e dever de todos, e cumpre valorizá-lo, por mais humilde ou rústico que seja. O trabalho sociabiliza e educa.
Convém parar por aqui, para que o leitor, ainda que a contragosto, possa retornar ao trabalho.
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...