Um certo Sete de Setembro em Itapetininga

Foi em 1958. O Brasil atravessava uma “onda” de otimismo, até excessivo para um país ainda em vias de desenvolvimento, com muitos e muitos problemas sociais. Uma das causas deste “ar” e felicidade era o então presidente da república o mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, eleito em outubro de 1955 vencendo o paulista Hademar de Barros e governando desde 1956. Antes de tomar posse Juscelino foi recebido em vários países da Europa e nos Estados Unidos como um grande estadista. E prometeu desenvolver este país (Brasil) “50 anos em 5”. E começou trazendo a Volkswagen criando a indústria automobilística no ABC paulista.

Pois é, 1958 prometia várias mudanças e isto foi acontecendo aos poucos. Começando pelas sucessivas vitórias, em duplas, da tenista paulistana Maria Hester Bueno em Wimdleblon, Inglaterra, com grandes manchetes jornalísticas, mesmo sendo um esporte elitista. A carioca Adalgiza Colombo obtendo o segundo lugar no concurso de Miss Universo na Califórnia, Estados Unidos, e tal concurso era uma coqueluche nacional (o Brasil parava quando o assunto era Miss Brasil).

Também saiu um LP de título “Canção do Amor Demais”, com músicas de Vinicius de Morais e Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso, quando foi ouvido pela primeira vez o som de violão tocado por João Gilberto e que iria ocasionar a revolucionária bossa-nova. E em 29 de junho, o Brasil conquistava o Campeonato Mundial de Futebol na Suécia com Garrincha, Pelé, Titi, Bellini e companhia, com jogos que encantaram o mundo.

Daí que naquele ano o desfile de “Sete de Setembro”, pelo menos aqui em Itapetininga teria que ser especial. Naquela época todos (todos) os alunos, a partir da primeira série ginasial desfilavam. Era obrigatório. Pra quem não se lembra, a primeira série ginasial corresponderia hoje a sexta série do ensino fundamental. Em 1958 havia o curso ginasial estadual somente no então Instituto de Educação “Peixoto Gomide,” como escola pública (também no “Ginasinho”, na rua Silva Jardim, como escola particular). Então a direção do “Pexoto Gomide” se mobilizou e concluiu que o desfile do dia da pátria teria que ter um certo “glamour”. O curso normal (ou Formação de Professores Primários, ou também Magistério, hoje, infelizmente extintos) nos traria uma cena da vida colonial ou imperial brasileira. A ideia foi do dentista e desenhista Paulo Ayres de Oliveira (que era pai de aluna do segundo ano do curso normal, Gladys Ayres de Oliveira). Ele planejou como seria um passeio de uma família de um senhor da aristocracia rural nordestina com todos os seus quesitos: as damas da casa grande em carroças ornamentadas e puxadas por dois de verdade; elas, com sombrinhas, coque no cabelo e vestidos longos; as crianças, também da casa grande (alunos do curso primário do “Peixoto Gomide”) levadas em cadeirinhas, liteiras e redes por escravos. Estes, moços e rapazes com graxa no rosto, cantando baixinho: “Negro clama liberdade”. A escrava rebelde (Norma Lopes Ginez sendo “açoitada” pelo feitor José Francisco Rudge Bastos) e impressionando as autoridades no palanque, na rua Campos Salles.

Outro grupo de escravos, carregando cestas com cana-de-açúcar. Todos, representados por normalistas. O curso ginasial da mesma Escola apresentando um carro alegórico representando o mundo com um garoto encarnando Pelé, segurando uma bola e cercado por mocinhas com saias brancas. A União Cultural “Brasil-Estados Unidos” (que funcionava no “Peixoto Gomide” apresentou uma alegoria com alunas representando a deusa grega cercando a Estátua da Liberdade, em Nova York representada por Olga Sacco. E muito mais. Foi um desfile e tanto. A multidão itapetiningana lotava as calçadas, olhando atentamente e saboreando o que via.

Enquanto houver povo nas ruas a pátria estará sendo representada. Estará sim…

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