Um recital

Como é bom ouvir boa música – E foi isto que o teatro do Sesi, na Vila Rio Branco, trouxe na última sexta-feira, vinte e oito, através da cantora carioca Carol Naine e trio musical no “show” “Rir para não chorar”. As canções em questão são do compositor Cartola (Angenor de Oliveira) e do paulistano Adoniran Barbosa, dois “ícones” representante do cancioneiro do Rio de Janeiro e São Paulo.
A cantora Carol foi bastante corajosa ao fundir as composições dos dois autores num só espetáculo, donos de um repertório que retratam com inteligência a cultura e as pessoas das cidades que viveram. Cartola (que quase não teve escolaridade) canta o morro (principalmente da Mangueira) com uma harmonia na canção quase insuperável. E ele não fica somente nos esplêndidos sons que saiam do seu violão. Combinava com letras líricas e lamentosas, principalmente quando o tema era amor.
Como não se emocionar com alguns de seus sambas-canções como “O Mundo é um Moinho”, “Rir para não chorar” e “As rosas não falam”, entre outras. Estas e outras se tornaram clássicas, tornando quase obrigatórias na seleção musical de grandes intérpretes brasileiros. Escutá-las os faz bem.
Por outro lado, Carol Naine juntou outro grande da MPB, o icônico Adoniran Barbosa, hoje um dos símbolos da cidade de São Paulo. Adoniran foi buscar nas comunidades socioeconômicas mais deficientes (ele mesmo, fruto delas) sua inspiração para a sua obra. Assim ele cantou Jaçanã Braz e outros bairros com uma poesia quase impossível.
Tornou conhecida em todo o Brasil a dicção “macarrônica” (união dos sotaques “italianados” com o do homem rural paulista), transformando em poesia combinando com sons secos, reais, pouca harmonia em composições que se tornaram cultuadas nesta terra bandeirante até para classes sociais economicamente mais exigentes. Mesmo os roqueiros, funkeiros e adoradores de músicas alienígenas (estrangeiras) da região, quem não sabe cantar “Trem das Onze”? Ou cantalorar “Saudosa Maloca”?
Carol Naine foi acompanhada por um excelente trio musical composto por Alexandre Vianna (piano), Erica Navarro (violoncelo) e Kabé Pinheiro (percussão). Auditório lotado com muitos espectadores (muitos!). Na faixa dos vinte e trinta anos. Apenas da fila, todos entraram e aplaudiram.
Indesculpável a cantora não colocar na seleção dois clássicos de Adoniran: “Tracuma” e “Mariposas”. Que reinam outras espécies. Que venham outros intérpretes de músicas autenticamente brasileiras.

 

Se fato é foto…

Tradicionais músicos itapetininganos José Roberto Branco e Toninho Albino animando mais um evento em Itapetininga com muita música boa e de qualidade. Foto – Arquivo Pessoal

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