Vila Hungria, a criação de Flávio

Sua atividade, quando bem pequeno, no agradável bairro do Moquém, além de frequentar a escola, concentrava-se na roça, auxiliando o pai na plantação, daquela considerada básica na alimentação e, principalmente, na produção de algodão. Com sol ou chuva, não faltava ao trabalho cumprindo fielmente a tarefa que lhe cabia, empunhando a ferramenta daqueles momentos: a enxada.
O propósito do progenitor e seus filhos Flávio, Arnaldo, José e Osvaldo, era trabalhar duramente para conviver com certo conforto e dignidade naquele bairro, hoje razoavelmente desenvolvido. Assim começa a história desse senhor chamado Flávio. Não era o derrotado Flávio Costa, que perdeu a Copa do Mundo de 1950, quando a seleção brasileira de futebol foi vencida pela equipe do Uruguai e nem Flávio nome de uma família de Roma a qual pertenciam Domiciano, imperador de Roma, Vespasiano, pai de Domiciano e irmão de Tito.
São, com certeza, muitos os Flávios que caminham pela vida, e também muitos não pertencem mais a este mundo. Mas, o Flávio, aqui em tela, embora já tenha se tornado saudade, deixou cravado obras que o tornaram inesquecível.
A progressista Vila Hungria, seu sobrenome, exaltada recentemente em jornal por um colunista da cidade, situada na zona oeste de Itapetininga, assim como Vila Regina (sua filha), foram realizações de Flávio Soares Hungria.
Em Itapetininga, ele chegou há várias décadas para iniciar vitoriosa jornada, tanto no comércio como no setor industrial, dentro de suas limitações. Um bem diversificado armazém de secos e molhados, atualmente ocupado pela Panificadora e Choperia São Francisco, no começo da Vila Rio Branco, foi o primeiro passo dos sonhos que foram posteriormente realizados. Atendendo com respeito, pessoas de toda categoria social, sem discriminação alguma, atentava para a condição econômica de cada um, verificando suas necessidades.
Após adquirir extensa área nas cercanias, iniciou o loteamento das terras. O objetivo era vender aos menos aquinhoados financeiramente, para futuras construções de casas residenciais. Assim pensou e assim efetivou o desejo. Vila Hungria e Regina constituem hoje progressistas comunidades, na época, os lotes adquiridos por preços módicos através “das conhecidas cadernetas”. Não só vendia os lotes como financiava o material de construção, “nunca prejudicando o comprador, mesmo que faltasse o pagamento das mensalidades por muitos meses”, como lembra um velho morador da Vila Hungria. Com alto tino comercial instalou, com distribuição em quase toda região sudoeste, fábricas de sabão, velas e vassouras e na própria vila, em local apropriado, criou uma olaria com grande produção de tijolos e telhas.
Mesmo com intenso movimento nestas atividades, continuou com o armazém, transferindo-o para a rua Campos Sales com a denominação de São Jorge e depois na Silva Jardim. Apaixonado por leitura, além de livros, saboreava avidamente o noticiário, artigos e crônicas do jornal “O Estado de S. Paulo”, curtindo o futebol do Vila Aparecida e sendo membro do diretório regional da antiga UDN, locomovendo-se na ocasião, até Itu, para conversar com o líder Carlos Lacerda que se encontrava naquela cidade.
Seus filhos Franck Célio Hungria, esportista, vereador e Juiz de Direito, assim como João Flávio Soares Hungria, vice-prefeito de Itapetininga e empresário, Benedito (Betil) comerciante, e a esposa Aparecida, de gratas lembranças, constituiu o orgulho da família, além da filha, residente nesta cidade, Regina, enfermeira de alto padrão. Naturalmente para Flávio Soares Hungria todos os membros representavam joias raras, pois assim como ele, foram de caráter íntegros, que dignificaram Itapetininga pelo trabalho, em benefício do povo que amavam.

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