Eu não suporto mais essa saudade de você! A cada dia que passa, sua ausência me sufoca… Falta-me o ar, seca-me a garganta… Minha alma tem um quê de pedra torturada pelo Sol! Caminhar pelas ruas da cidade sem a sua companhia é um suplício! Estar em casa é um sufoco de escravo no pelourinho! Dormir? Impossível…
Morro lentamente em agonia sem você! A lembrança de sua líquida presença é a única coisa que ainda me mantém vivo. Ah, como dói essa distância! Lembro que você chegava, de repente, linda, linda, linda… Seus dedos mágicos davam vida a todas as coisas à sua volta! Vez em quando, você vinha de mansinho, tal uma menina tímida arrastando sandálias entre as nuvens; outras, parecia enraivecida e afogava cidades inteiras… Mas, mansa ou raivosa, você era sempre divina!
Agora que você não vem, as árvores da minha rua estão tristes, as rosas do meu jardim, estão ressequidas e o voo dos pássaros, desenxavido que só vendo! Às vezes, tenho a impressão que você já vem, o vento enamorado parece dançar de alegria e bate as portas, escancara as janelas, assanha nuvens, mas, você não vem…
A saudade é tanta que receio não poder esperá-la por muito tempo mais… Do jeito que a coisa vai, em breve, eu serei apenas cinzas… Por favor, não demore- minha linda- venha logo, venha como quiser, mas venha sim… De mansinho, tamborilando nos telhados, só garoa, se desejar… Venha atrevida, desembestada, alagando ruas, faiscando raios, reboando trovões, chicoteando relâmpagos, farfalhando sibipirunas, badalando sinos…
Venha sim-querida chuva- e sinta-se à vontade…
E- se puder- deixe um Arco-Íris de lembrança!
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