Em minhas avoanças na minha mula-voadora “Zás-trás”, muita coisa acontece nesse espaço de meu Deus… Certo dia, sei lá se era dia ou era noite, afinal, no cafundó do espaço-tempo, ninguém sabe em que lugar refulge o Sol…
Mas, ocorre que a danadinha da muar que me leva aos sete cantos do infinito, de repente, empaca, lá no céu e aterrissa bem em riba de um cometa! E agora? Fazer o quê?Apeei da avoante, olhei bem pros olhos seus e, por telepatia, num segundo, fiquei sabendo: a coitadinha tinha sede!
Como bom cavaleiro, medalhista em corrida intergaláctica, jóquei de dragão e Pterodáquitilo, domador de Cérberos, jaguatirica de sete cabeças e outros bichos, deixei à sua escolha, um lugar de boa água… E a esperta, num pisca-pisca, fez sinal de “vamu lá”…
E foi só eu montar, a “muarzinha”, num pinote de relâmpago, bem depressa corta o espaço… e o tempo! Num corisco, pousamos num planetazinho desenxavido que só vendo, gentarada estabanada, vaivém de carro estranho, rojãozada, gritaria… A danada da mulinha, sabidona como ela só, para ao lado de um treco que na Terra, todos chamam de bebedouro…
Fiquei de lado, assim de espia, esperando “Zastrazinha” beber água à vontade… Mas, ché! A valente empinou braba, braba como o quê e o eco do seu relincho fez as nuvens estremecerem!
Acheguei pra ver de perto o motivo da brabeza… O que vi me botou medo… E olha, que eu sou corajudo barbaridade! Mas aquilo? Um dragão de trinta cabeças, oito rabos e sessenta patas chafurdava no bebedouro! Credo em cruz! Pensei comigo! Que tipo de gente vive aqui, nesta querência?
Bem depressa, a mulinha ruflou asas querendo voo… Num segundo, tô na sela e num já-já, cortamos o espaço…
Enquanto cavalgava em direção à estrela D’Alva, ouvia o pensamento da “zás-trás”: “Ô gentinha sem juízo! Um bebedouro a céu aberto, criador de baita bicho! É muita falta de consideração com meus parentes que fundaram essa tranqueira! Aqui num volto nunca mais… Nem que Madrinha me convoque”!