Carla Monteiro
O itapetiningano Bob Vieira foi premiado no Concurso de Viola Caipira Revelando SP. A votação popular se encerrou na última quinta-feira, dia 17, e o violeiro ficou com o segundo lugar no concurso. O evento (online) teve como objetivo a seleção e premiação de violeiros do Estado de São Paulo e integra a programação do Revelando SP Online 2020, festival de valorização e difusão da cultura tradicional paulista.
Ao Jornal Correio, o artista agradeceu a todos que votaram nele, inclusive amigos de outras cidades. “Foi muito legal porque mesmo não ganhando em primeiro lugar, mobilizou muita gente. Muitos amigos meus ajudando, não só daqui da cidade, mas de todos os lugares, amigos virtuais e pessoas que são fãs do meu trabalho e gostam das coisas que eu faço. Até uns que moram em outros estados. Esse reconhecimento para mim vale muito mais do que o prêmio em dinheiro”.
Sobre a classificação final, o violeiro também ficou empolgado. “Imagina ficar em segundo lugar no estado inteiro, é um reconhecimento, é uma gratidão muito grande que eu estou sentindo. E ainda mais que a qualidade dos violeiros era alta. Foram mais ou menos 1.800 concorrendo que representam o que tem de melhor na nossa viola caipira, na nossa viola instrumental. Eu fiquei muito feliz mesmo”, disse.
O músico contou que o concurso foi mais uma oportunidade de ver o reconhecimento do trabalho. “A gente faz essas coisas sempre pensando em valorizar a viola, a cultura Caipira, os valores da nossa tradição. É importante a gente preservar, nós somos remanescentes do tropeirismo que por mais de duzentos anos foi a atividade econômica daqui e os e os tropeiros sempre tinham um violeiro junto para se divertir, dançar fandango. A viola foi instrumento muito importante na nossa formação e é até hoje”.
Para Vieira o instrumento é como se fosse uma fonte de inspiração muito grande e precisa ser mais valorizado. “Eu comecei a tocar nos anos 82/83, faz quase 40 anos. Então por todo esse tempo eu vi o crescimento da viola, o crescimento da importância dela. Mas, muito aos pouquinhos. E aqui na cidade e região nós tivemos vários violeiros de renome, eles foram se acabando e com ele se acaba essa tradição, esse jeito de tocar que só tem aqui, tão tradicional e bonito. Quando eu estou tocando eu mostro as coisas que eu aprendi com eles que não estão mais aqui. Também com toque que eu gosto, misturados, contemporâneos como blues, jazz, MPB, samba e vários ritmos”.
E encerra falando da importância da preservação cultural da viola caipira. “Uma coisa folclórica, uma coisa da tradição é importante preservar para ter ela como referência para poder criar novas fórmulas novos jeitos de tocar. E é isso que eu faço no meu trabalho, eu procuro valorizar a Viola compondo com inspiração nesses ritmos que só tem aqui na região dos tropeiros e eu procuro misturar para criar algo novo. O objetivo da arte é criar novas linguagens, novas fórmulas. Isso que eu tento fazer”.