*Laura Oliveira
No último dia 30 de janeiro foi comemorado o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. Artistas utilizam diversos recursos gráficos nesse gênero textual com o intuito de inserir o leitor dentro da história contada. Para comunicar as falas dos personagens são empregados balões com textos escritos, expondo sentimentos, ações e outros.
O Jornal Correio conversou com dois desenhistas da cidade que contaram como começaram seus trabalhos. “Bom, quando era criança já me interessava em desenhar, com os gibis de super heróis e cartoons que ganhava de meus pais, além de ler, gostava de copiar os personagens, e me arriscava a criar minhas próprias histórias, claro que naquela época, os desenhos eram de criança, bem simples, mas com o tempo os traços foram sendo aprimorados, pois sempre fui praticando, quando ganhei meu primeiro computador, achava muito legal os programas simples de desenho que vinham nele, e comecei a me interessar em desenho digital, gostava também de fazer animações, não cheguei a fazer um curso específico em quadrinhos e animações, aprendi vendo revistas de tutoriais de desenho e assistindo vídeos de tutoriais pela internet”, contou Rafael Lopes, criador dos personagens da história em quadrinhos educacional “Bimbão e sua turminha.”
Rafael ainda contou como conseguiu levar a história para as escolas municipais da cidade. “Um dia pensei, gostaria de criar uma história em quadrinhos que crianças e adultos pudessem ler, foi aí que resolvi criar os personagens do “Bimbão e sua turminha”, com uma historinha sobre a dengue, explicando a prevenção, sintomas, etc. Levei este projeto para vigilância epidemiológica de Itapetininga e eles gostaram muito, foi publicado vinte mil exemplares na época, para as escolas, este foi meu primeiro projeto de histórias em quadrinhos. A partir daí, continuei fazendo algumas revistinhas para projetos sociais e comerciais.”
O desenhista também falou sobre a maior dificuldade no ramo. “A maior dificuldade pra mim pensando em história em quadrinhos seria a falta de interesse por alguns, pois hoje em dia a tecnologia está acima de tudo, e com a chegada dos vídeos games modernos, celulares interativos, os quadrinhos acabaram sendo esquecidos.”
O policial José Augusto Albuquerque também contou sobre seu amor pela escrita e desenhos. “Iniciei desde muito cedo com quadrinhos infantis como turma da Mônica, Menino Maluquinho; migrei para estórias de super-heróis como Super Homem, Batman (DC) e X-man e Homem Aranha (Marvel), conhecendo então conteúdos mais adultos com temas filosóficos, existenciais, políticos (como V de Vingança, Sandman, Maus e etc). Apesar de tentar acompanhar de tudo, minas estórias favoritas são de ficção cientifica, terror e filosofia. Escrevo histórias autorais e dou aulas e oficinas sobre estruturas de escrita criativa (também ligadas a roteirização de quadrinhos, mas sobre quaisquer temas). Quanto a desenhos, estou fazendo atualmente curso de desenho no Studio de artes Victor Duarte e em breve estaremos lançando quadrinhos e tirinhas 100% desenvolvidas por mim.”
“Criar e contar histórias é inventar um mundo novo ou explicar através de uma nova abordagem algo visto pelos seus olhos. Tenho muita felicidade em administrar grupos de discussão de construção de textos e de ter amigos me procurando para ler ou mostrar seus escritos e ideias. Quadrinhos, diferente do que se pensava antigamente, não se restringe a um ‘nicho nerd’, ou a coisa de meninos, ou a um gênero de super-heróis. Temos obras que extrapolam qualquer barreira classificatória sendo verdadeiros relatos jornalísticos ou estórias de terror de 1º categoria, criticas sociais ou abordagens corajosas a temas existencialistas, religiosos ou simplesmente comedia”, comentou Augusto ao ser questionado sobre o benefício dessas histórias.
Para ele, a maior dificuldade no ramo é criar coragem para começar. “Como qualquer coisa na vida cada pessoa encontra barreiras para se fazer qualquer coisa. O ser humano é capaz de tornar qualquer coisa impossível se mantendo inerte, mas acredito que o maior obstáculo é dar o primeiro passo, romper a inercia; pois a leitura e a escrita são apaixonantes já ao primeiro contato e com um direcionamento minimamente correto, todos são capazes de criar suas próprias estórias e moldar o mundo, ao menos no imaginário, ao seu bel prazer.”
*Sob supervisão de Carla Monteiro